A série Watson, derivada de Sherlock Holmes, enfrenta críticas após a confirmação do retorno de Sherlock Holmes na segunda temporada. O diretor Osgood Perkins, conhecido por sua abordagem sombria e contextualizada no gênero horror, aponta que a decisão de trazer Sherlock de volta pode repetir um erro já visto na série original da BBC, Sherlock, e piorar ainda mais a situação.




O Problema da Ressurreição de Sherlock
A premissa original de Watson era ousada: explorar a vida e o trabalho do Dr. John Watson após a suposta morte de Sherlock Holmes. A primeira temporada explorou o luto e o desenvolvimento de Watson em um mundo sem seu icônico parceiro, o que conferiu à série profundidade emocional e uma estrutura procedural única. No entanto, o anúncio do retorno de Robert Carlyle como Sherlock Holmes abala essa fundação.
Robert Carlyle interpreta Sherlock Holmes em “Watson”.
A reintrodução de Sherlock, mesmo que inicialmente prevista como uma surpresa após a morte aparente do personagem, levanta preocupações. O protagonista pode ofuscar a jornada independente de Watson, desviando o foco da série e repetindo o que muitos consideram ter sido o declínio da série Sherlock da BBC.
Sherlock da BBC: Um Exemplo de Como Não Fazer
A série Sherlock, estrelada por Benedict Cumberbatch, foi aclamada por revitalizar o personagem para a era moderna. No entanto, a decisão de simular a morte de Sherlock no episódio “The Reichenbach Fall” e subsequentemente trazê-lo de volta foi vista por muitos como um artifício narrativo que priorizou o espetáculo em detrimento do desenvolvimento emocional e da coerência da trama.
A ressurreição de Sherlock na série da BBC foi criticada.
A explicação para a “ressurreição” foi considerada anticlimática por parte do público, minimizando o impacto do sacrifício aparente de Sherlock e invalidando o luto de Watson. A partir desse ponto, a série teria lutado para manter seu equilíbrio, caindo em reviravoltas e metalinguagem em detrimento do desenvolvimento consistente dos personagens.
O Caminho para Watson: Equilíbrio e Foco
Para Watson, o desafio na segunda temporada será equilibrar a presença de Sherlock Holmes sem que ele se torne o centro da narrativa. O ator Robert Carlyle, conhecido por papéis complexos, pode trazer uma nova dimensão ao personagem, mas a série precisa manter o foco em Watson e em seu próprio desenvolvimento.
O desafio é manter Sherlock como um elemento de apoio, não o protagonista.
Uma abordagem sugerida é manter as investigações de Sherlock ligadas ao hospital onde a clínica de Watson está localizada, criando assim uma conexão orgânica com a trama principal. Isso permitiria que Watson e sua equipe se envolvessem naturalmente, preservando o núcleo médico e emocional da série. A série pode se inspirar em produções como Enola Holmes, onde Sherlock é uma força motivadora no fundo, mas não o personagem principal.
Sherlock como Moriarty: Uma Sombra Necessária
A temporada 2 de Watson não deve se tornar uma série sobre Sherlock Holmes. Em vez disso, a presença dele deve ser utilizada de forma periférica, como um catalisador para o crescimento de Watson, semelhante ao papel que Moriarty desempenhou na primeira temporada. A morte de Moriarty no final da primeira temporada deixou uma lacuna na mitologia da série, e Sherlock pode preenchê-la de forma mais sutil.
Sherlock pode atuar como uma influência nos bastidores.
Ao manter Sherlock como uma figura influente, mas não central, Watson pode expandir seu escopo narrativo e explorar temas como reconciliação, traição e o legado de Holmes, sem perder sua identidade como um drama procedural focado em Watson. A expectativa é que a nova temporada ofereça um equilíbrio entre o familiar universo de Sherlock e a evolução independente de John Watson.
Fonte: ScreenRant