Após 43 anos, Tron: Ares inverte o paradigma de seus predecessores ao trazer os habitantes dos computadores para o nosso mundo, em vez de nos levar para o deles. No entanto, o filme se torna uma propaganda de impressoras 3D, perdendo a profundidade.






A Trama de Tron: Ares
Dirigido por Joachim Rønning, o terceiro capítulo da série retoma de onde TRON: Legacy parou, com a ‘grid’ e a realidade ainda explorando as ramificações de sua coexistência. A escolha de Jared Leto como o programa Ares, objeto de obsessão de ambos os mundos, afasta o público, mesmo com Greta Lee como sua contraparte humana.
O roteiro é confuso, mais interessado em sequências de ação barulhentas do que em explorar os dilemas de sua existência paralela. Greta Lee interpreta Eve Kim, CEO da ENCOM, que busca o ‘código de permanência’ para que criações digitais sobrevivam no mundo real. Seu rival, Julian Dillinger (Evan Peters), também busca o código e usa espionagem corporativa.
Quando Julian falha eletronicamente, ele traz Ares e Athena (Jodie Turner-Smith) ao mundo real para capturar Eve, que possui a única cópia. Inspirado pela compaixão de Eve, Ares oferece proteção em troca de ganhar vida. Em resposta à traição de Ares, Julian incumbe Athena de executar a missão, mas descobre que sua lealdade às ordens causa consequências destrutivas.

A Estética de Tron: Ares
Na era do fotorrealismo em CGI, a estética neon e geométrica de TRON era especial. Era estranha ao mundo real, mas convincente dentro do imaginário dos videogames. A versão mais ‘naturalista’ de The Grid em Tron: Ares resulta em duas realidades pouco distintas, o que é catastrófico para um filme que busca apresentar algo inédito.

A maior parte da imaginação de Tron: Ares é dedicada a referências de filmes anteriores, como paredes impenetráveis de energia e rostos ameaçadores do ciberespaço. À medida que os mundos se misturam, Eve entra no servidor de Dillinger, e Ares contempla prazeres sensuais como chuva e música.
Decepção Sonora e Visual
A trilha sonora de Trent Reznor e Atticus Ross (Nine Inch Nails) é uma das maiores ofensas. Ao contrário das trilhas de Wendy Carlos em TRON e Daft Punk em Legacy, que imitavam o som de computadores com arranjos emocionais, a música de Reznor e Ross não é orgânica ao mundo do filme e não oferece senso de direção. As cenas de ação são barulhentas, mas sem momentum ou clímax.

O maior pecado de Rønning é reforçar a crítica de que os filmes da franquia se interessam mais por imagens do que por ideias. O resultado é um filme de ação que envolve computadores superficialmente. A breve passagem pela paisagem do filme original de 1982 em Tron: Ares é o único momento em que o filme ganha vida, transportando o público para um lugar estranho e interessante.
O restante se desenrola como uma atualização automática: após as possibilidades introduzidas anos atrás, esta versão mais recente parece, na melhor das hipóteses, obrigatória e decepcionante.
Elenco e Produção
O elenco inclui Jared Leto como Ares, Greta Lee como Eve Kim, Evan Peters como Julian Dillinger e Jodie Turner-Smith como Athena. O filme é dirigido por Joachim Rønning, com roteiro de Jack Thorne, Jesse Wigutow e David DiGilio. A fotografia é de Jeff Cronenweth e a edição de Tyler Nelson.

Apesar das boas intenções, Tron: Ares falha em capturar o espírito inovador de seus antecessores, entregando uma experiência visualmente competente, mas narrativamente fraca e sem alma.
Fonte: ScreenRant