A nova série western da Netflix, The Abandons, estreou em dezembro de 2025 com as atrizes Gillian Anderson e Lena Headey no elenco. A trama se passa em 1854 no Território de Washington e acompanha a disputa entre duas matriarcas poderosas. Constance Van Ness (Anderson), uma magnata da mineração, tenta tomar terras da rancheira Fiona Nolan (Headey), cuja família adotiva ocupa uma área valiosa conhecida como The Abandons.
Apesar do elenco de peso, a série de sete episódios foi amplamente criticada pela imprensa especializada. Críticos apontam caos na produção e falhas criativas que desperdiçam o talento das atrizes principais. A série obteve uma pontuação de apenas 25% no Rotten Tomatoes, com muitos críticos destacando cinco motivos principais para a decepção.
Personagens e Subtramas Pouco Desenvolvidas
O elenco de The Abandons inclui os quatro filhos adotivos de Fiona: Elias, Dahlia, Albert e Lilla. Estes personagens, que deveriam ser o núcleo emocional da série, mal se destacam. Os filhos de Van Ness também sofrem com a mesma superficialidade, transformando jovens atores talentosos em meras peças funcionais.
A família de Fiona é o cerne da trama, mas os críticos sentiram dificuldade em descrever as ações de cada um ao longo dos sete episódios. Elias tem um romance sem graça, Dahlia sofre um trauma no primeiro episódio e depois desaparece. Albert ganha uma subtrama de professor no quarto episódio, e Lilla some por episódios inteiros.
A crítica do TV Guide aponta que a maioria do elenco permanece subdesenvolvida, e que a série sofre com um excesso de diálogos explicativos.
The Wrap destaca que subtramas importantes parecem não levar a lugar nenhum e personagens introduzidos não contribuem. A publicação observa que atores experientes, como Katey Sagal, têm pouco tempo de tela, enquanto os atores mais jovens recebem pouco material para trabalhar.
Duração Curta Prejudica a Série
Originalmente encomendados 10 episódios, a Netflix entregou apenas sete, com quatro deles com menos de 40 minutos de duração. Críticos notaram problemas de ritmo e estrutura, com desenvolvimento de personagens em saltos aleatórios e relacionamentos formados fora de tela. O final abrupto, com um cliffhanger, parece mais uma interrupção do que um encerramento de temporada.
Questões de produção explicam a duração reduzida, mas não a justificam. Kurt Sutter deixou a série antes do fim das filmagens, e a Netflix teria ordenado extensas refilmagens. O processo de edição se estendeu até 2024, resultando em um produto final que parece ter sido severamente alterado na pós-produção.
Variety comentou que, com episódios curtos e um final abrupto, a série é uma adaptação frustrante e incompleta de uma premissa interessante.
New Statesman sugeriu que a série poderia ter sido mais forte se Kurt Sutter não tivesse saído devido a diferenças criativas.
Subtramas Desnecessárias Ofuscam o Conteúdo Principal
A maioria dos críticos concorda que a série funciona melhor nos confrontos entre Anderson e Headey. No entanto, The Abandons interrompe constantemente esse conflito com subtramas esquecíveis.
Mercadores de armas russos aparecem sem explicação, e um cowboy charmoso (Michiel Huisman) vagueia pela história sem um propósito claro. A série também sugere uma guerra entre Constance e Fiona, mas muda o foco para tramas criminais mal desenvolvidas.
A.V. Club observa que, com poucos subtramas ao longo de sete episódios curtos, a série parece um esboço de ideia, com personagens e ambientação em busca de uma história.
Times of India critica a série por ter mais diálogo do que ação, falhando em entregar o drama de época imersivo que almeja.
A premissa central é simples: Constance quer a terra de Fiona, Fiona se recusa a vender, e sangue é derramado. Isso seria suficiente para sete episódios, mas a série adiciona complicações que não consegue sustentar, abandonando-as com a mesma negligência que o título sugere.
Falta de Voz Distintiva
Anderson e Headey entregam performances fortes, e os críticos elogiaram ambas as atrizes. O problema, no entanto, reside no conceito por trás dessas atuações.
A ideia de mulheres poderosas no Velho Oeste não é nova em 2025. A Netflix já produziu Godless (2017) e American Primeval (2025), e críticos argumentam que The Abandons não traz nada de novo além do seu elenco. A série carece de uma voz distintiva, perspectiva política ou estilo visual, sendo competente em todos os aspectos, mas sem se destacar em nada.
RogerEbert.com lamenta que os elementos de melodrama e o design de produção não compensem a sensação de que a série, exceto pela novidade do foco feminino, é familiar demais. A publicação aponta que seu escopo é vasto, mas sua profundidade é rasa.
TIME observa que os confrontos entre as protagonistas são tratados como momentos climáticos, mas a direção falha em se comprometer com o realismo ou o camp, fazendo com que as cenas caiam.
Saída de Kurt Sutter Prejudicou a Série
Kurt Sutter, criador de Sons of Anarchy, concebeu The Abandons, mas deixou a série antes do fim das filmagens devido a diferenças criativas com a Netflix. O caos na produção é evidente em cada quadro do produto final. Problemas técnicos como CGI de gado de baixa qualidade, cenas noturnas mal iluminadas e sequências de ação sem coerência são notáveis.
Mais prejudicial do que as falhas técnicas foi a perda de coerência temática. Detalhes como a religião de Fiona e Constance desaparecem na metade da temporada, como se tivessem sido esquecidos.
Vulture descreve a série como tão desconexa que se aproxima de uma anomalia, tornando fácil para o espectador abandoná-la.
The Abandons termina em um cliffhanger que prepara uma segunda temporada, mas a recepção crítica negativa sugere que essa é uma suposição equivocada. Os sete episódios fragmentados desperdiçam Gillian Anderson e Lena Headey em um material que claramente perdeu sua visão criativa.
Fonte: ScreenRant




