O universo de Star Trek, vasto e meticulosamente construído, sempre guardou alguns enigmas que intrigaram os fãs por décadas. Um dos mais persistentes dizia respeito a uma tecnologia icônica da Frota Estelar: o holodeck. Finalmente, um novo episódio de Star Trek: Strange New Worlds veio a público para desvendar esse mistério de longa data, oferecendo uma resposta canônica definitiva sobre a ausência do holodeck na mais famosa das naves da Federação, a USS Enterprise do Capitão Kirk.
A questão sobre o holodeck da Enterprise original tem confundido os trekkers desde sua introdução em Star Trek: A Nova Geração. Enquanto o conceito se tornou um pilar da franquia, sua inexplicável ausência na Série Original, ambientada anos antes, gerou inúmeras teorias. A confusão só aumentou com aparições contraditórias: Star Trek: A Série Animada chegou a mostrar a tecnologia a bordo da Enterprise primitiva, e Star Trek: Discovery a apresentou existindo antes mesmo da era de Kirk.
Essa inconsistência clamava por uma explicação, e agora, ela chegou. A revelação crucial ocorre no episódio “A Space Adventure Hour” (Temporada 3, Episódio 4) de Star Trek: Strange New Worlds, dirigido por Jonathan Frakes e roteirizado por Dana Horgan e Kathryn Lyn. O episódio introduz a tecnologia pela primeira vez na série, criando uma narrativa envolvente em torno de um teste de uma “sala de recreação” protótipo a bordo da Enterprise.
A trama habilmente preenche uma lacuna significativa na linha do tempo, enquanto entrega um episódio que mistura gêneros e integra elegantemente essa retcon à inovação em espaço profundo. No enredo, a Enterprise é selecionada para testar o protótipo do holodeck da Enterprise, ou “sala de recreação”, com a Federação esperançosa de que a tecnologia possa combater a fadiga mental em missões espaciais prolongadas. O Capitão Pike (Anson Mount) aprova o teste, e a Tenente La’An Noonien-Singh (Christina Chong) voluntaria-se para ser a primeira usuária.
La’An escolhe uma simulação de mistério de assassinato do século XX, mas logo se vê presa e isolada. O holodeck começa a consumir quantidades alarmantes de energia, comprometendo os protocolos de segurança da nave. Em sua fase inicial, a tecnologia não possuía as salvaguardas necessárias para uso em campo.
La’An precisa resolver o mistério e desativar o holodeck antes que a nave seja destruída por uma estrela próxima. Enquanto La’An luta para escapar, o Engenheiro Chefe Montgomery Scott (Martin Quinn) analisa a drenagem de energia e propõe uma solução: dar ao holodeck sua própria fonte de energia dedicada e um sistema de processamento separado, impedindo a interrupção das funções vitais da nave. A ideia de Scott ecoa o design usado em naves posteriores, como a Enterprise-D, onde o holodeck opera independentemente.
Apesar da solidez da proposta, Pike a rejeita. A Federação não estava pronta para investir na reengenharia de naves para uma tecnologia recreativa, e Pike prioriza a funcionalidade básica e a segurança da tripulação acima de qualquer atividade de lazer experimental, considerando os riscos atuais do protótipo excessivos. A decisão de Pike em Star Trek: Strange New Worlds é fundamental para entender a ausência do holodeck na Enterprise de Kirk, que sucede diretamente a linha do tempo de SNW.
A tecnologia existia, foi testada, mas foi considerada perigosa e voluntariamente deixada de lado. Este episódio crucial não apenas explica a falha e a lógica da linha do tempo, mas também reforça a capacidade da franquia de honrar e expandir seu cânone. O holodeck da Enterprise tornou-se central para a identidade de Star Trek na era moderna, de duelos de esgrima do Capitão Picard a sub-tramas complexas com o Doutor em Voyager.
A habilidade de SNW em amarrar elegantemente essa ponta solta apenas solidifica a rica e duradoura tapeçaria do universo Trek.