A saúde mental é raramente priorizada, muito menos discutida abertamente, em muitas comunidades ao redor do globo. O filme Rosemead, dirigido por Eric Lin, explora essa questão vividamente através da história de uma mãe sino-americana doente que tenta ajudar seu filho a navegar pelas provações do ensino médio após ser diagnosticado com esquizofrenia.
Um Retrato Comovente de Mãe e Filho
Baseado em uma história real, o filme pinta um retrato comovente, porém hipnotizante, da relação entre mãe e filho — complicada por questões médicas e tradições culturais, mas também pelos esforços mútuos para proteger um ao outro e, talvez, negar a si mesmos o que cada um está passando. Embora a dedicação de Lin em retratar os eventos reais como acontecem ocasionalmente se torne um passivo narrativo, a performance devastadora de Lucy Liu como uma mãe ferozmente dedicada, mas desesperada, ajuda a elevar o que é uma tragédia inegável a uma história sobre a expressão final — ainda que equivocada — de amor de uma mãe.
Desafios Familiares e Comunitários
Liu interpreta Irene Chao, a dona de uma loja de cópias e impressões em Rosemead, Califórnia, que sofre de câncer. Embora ela esteja recebendo discretamente um tratamento experimental para combater a doença que levou seu marido há alguns anos, as perspectivas de uma recuperação completa são escassas. O que mais a preocupa é o cuidado de seu filho, Joe (o estreante Lawrence Shou), que se encontra regularmente com um conselheiro para mitigar os sintomas de sua doença mental.
Em uma comunidade sino-americana onde tais questões raramente são compartilhadas fora do lar, Irene mantém sigilo absoluto sobre ambos os diagnósticos, mantendo até mesmo o médico asiático-americano de Joe (James Chen) à distância. Mas quando uma série de incidentes na escola de Joe o colocam na mira da administração, Irene fecha ainda mais os seus círculos, pois fica cada vez mais preocupada com sua crescente obsessão por atiradores em escolas.
Assombrado por imagens violentas nas notícias e, eventualmente, em sua mente, Joe se retira para as poucas memórias felizes que tem de sua família enquanto seu pai ainda estava vivo, muitas delas girando em torno de uma noite aconchegante que celebraram em um hotel local. Enquanto isso, Irene descobre que, mesmo que sobreviva ao tratamento contra o câncer, perderá o controle parental de Joe após ele completar 18 anos. Sentindo que não tem a quem recorrer, Irene luta com a forma de contar a Joe sobre sua condição, muito menos de entregar seus cuidados. Ela logo se depara com uma escolha terrível cujo resultado — não importa o que ela decida — promete afetar permanentemente não apenas o relacionamento deles, mas toda a sua comunidade.
A Performance de Lucy Liu e a Relevância do Filme
Frank Shyong documentou pela primeira vez os eventos de “Irene” e seu filho em um artigo de 2017 para o Los Angeles Times, e já se passou quase esse tempo desde que Liu se determinou a adaptá-lo para um filme. Esse compromisso transborda de cada momento de sua performance: a atriz, que rouba a cena, suprime seu carisma natural para retratar uma mulher para quem a atenção indesejada de estranhos parece quase tão dolorosa quanto a doença que se metastatiza em seu corpo. Após muitos papéis em que o amplo conjunto de habilidades de Liu foi reduzido a uma capacidade de falar duramente e chutar traseiros, sua ternura e autenticidade como Irene parecem especialmente reveladoras.
No entanto, se este fosse um conto de ficção, poder-se-ia pensar que ele acumula tragédia sobre tragédia: uma mulher viúva… que descobre que está morrendo… arrisca perder o controle de um filho com problemas de saúde mental potencialmente violentos. Lin e a roteirista Marilyn Fu são quase devotados demais a incluir todos esses detalhes individuais à medida que a história se desenrola, diluindo alguns dos insights mais precisos sobre os personagens. Em particular, a fixação de Joe por tiroteios em escolas parece compreensivelmente um grande sinal de alerta para qualquer um que assista ao filme, mas o que fica ligeiramente ofuscado é o fato de que ele tem medo de que um aconteça, não determinado a se tornar um perpetrador.
Mesmo assim, suas observações mais profundas sobre Irene e Joe, e a comunidade em que essa tragédia ocorreu, permanecem pontuais. Irene precisa contornar seus próprios comportamentos enraizados e normas culturais maiores para buscar ajuda para Joe. E, mesmo quando ela faz isso, ela enfrenta o escrutínio de outros pais e um tratamento condescendente por parte de funcionários escolares e figuras de autoridade sobre qual caminho seguir. Mas o que logo se torna evidente é que o dilema que Irene e Joe enfrentam escala principalmente como resultado de ambos manterem segredos um do outro — ela para proteger os sentimentos dele, e ele porque sente que literalmente tem que protegê-la.
Nesse sentido, o filme transcende a especificidade de seus personagens e tema e se torna uma história iminentemente relacionável sobre os riscos que qualquer família enfrenta quando seus membros têm medo ou relutam em abordar os problemas que podem estar fervilhando (ou, neste caso, explodindo) sob a superfície de uma fachada pública aparentemente pacífica. Ao mesmo tempo, o número de tópicos polêmicos que Lin aborda — comunidades marginalizadas, saúde mental, violência escolar — tende a ter o efeito de achatar algumas dessas verdades maiores.
Embora o filme possa, em última análise, ser mais eficaz como uma vitrine para uma atriz frequentemente subutilizada demonstrar a nuance e a complexidade de que é capaz, ele também destaca questões vitais e oportunas que raramente recebem atenção suficiente em qualquer lugar, muito menos no cinema. Seguindo os passos de filmes como Dìdi, Smoking Tigers e até mesmo o documentário indicado ao Oscar de Bing Liu, Minding the Gap (sem mencionar The Farewell, Turning Red, Chang Can Dunk…), a estreia de Lin amplifica ainda mais uma tendência emergente de histórias que oferecem retratos mais autênticos do que nunca de comunidades asiáticas e asiático-americanas. Graças a Liu, como atriz e produtora, Rosemead não só conquista seu lugar entre os superlativos desses filmes, mas também alcança um equilíbrio surpreendentemente poderoso entre autenticidade cultural íntima e relevância universal urgente.
Fonte: ScreenRant