A performance de Rose Byrne em If I Had Legs I’d Kick You está sendo aclamada como uma das melhores do ano, com fortes indicações a uma disputa pelo Oscar. Em um cenário repleto de contendas que definem gêneros, o filme se destaca como um trabalho singular e cativante.


A obra transita com maestria entre o humor ácido, o terror existencial e a ternura melancólica. O filme é um estudo de personagem fascinante, focado em uma mulher que se vê à beira do colapso sob a pressão familiar, profissional e social. Byrne entrega uma atuação frenética e crível, consolidando-se como uma das performances mais dignas de reconhecimento da temporada.
Um Retrato Complexo de Linda
If I Had Legs I’d Kick You é uma vitrine espetacular para Rose Byrne. Interpretando Linda, uma mãe, esposa e terapeuta, a personagem vê sua vida desmoronar enquanto novas responsabilidades se acumulam. A luta de Linda para lidar com a doença da filha, enquanto o marido está ausente a trabalho, a mantém em um estado de tensão constante ao longo do filme.
Linda é uma personagem deliciosamente complexa. Ela precisa ser simultaneamente empática, frustrante e cativante, como qualquer pessoa real. Byrne realiza um trabalho primoroso, especialmente ao navegar pela vasta gama de emoções que a personagem experimenta. Linda está sempre no limite, prestes a explodir, mesmo quando tenta manter a compostura.
Versatilidade e Emoção
O filme explora essa dualidade para criar momentos de comédia e drama. As sessões terapêuticas improvisadas com sua colega exausta frequentemente se tornam as cenas mais engraçadas e, em seguida, as mais tristes. Linda anseia por orientação, mas resiste a ser controlada ou encurralada.
A personagem é frequentemente engraçada, consistentemente trágica e, com suas falhas, profundamente humana, especialmente à medida que seu mundo se desfaz. É uma figura rica e bem construída no roteiro de Mary Bronstein, um papel desafiador que exige tanto humor quanto vulnerabilidade. A versatilidade de Byrne é crucial para dar vida à personagem na tela.
Bryne faz Linda hilária quando necessário, seja com uma entrega sutil ou com uma explosão emocional repentina. Essa mesma instabilidade se traduz em momentos dramáticos e trágicos, com os desabafos de Linda sendo profundamente impactantes. Até mesmo os momentos de silêncio, em que Linda parece perdida no vazio, são envolventes, transbordando emoções em breves instantes.
Reconhecimento e Competição
Nas mãos erradas, Linda poderia se tornar uma caricatura, uma figura unidimensional da feminilidade em um mundo caótico. No entanto, o roteiro de Bronstein e a atuação de Byrne evitam essa armadilha. A atriz nunca recua diante das reviravoltas dolorosas ou cômicas que Linda enfrenta, entregando uma performance verdadeiramente notável e variada.
A temporada de premiações está a todo vapor, e If I Had Legs I’d Kick You tem sido um forte candidato desde sua estreia no Sundance Film Festival. Byrne já conquistou o Urso de Prata de Melhor Performance Principal no Festival Internacional de Cinema de Berlim, além de outros reconhecimentos em festivais menores.
Com o filme agora acessível a um público mais amplo, espera-se que ele ganhe mais força na corrida por uma indicação de Melhor Atriz no Oscar. Byrne compete com nomes como Jessie Buckley, Emma Stone, Renate Reinsve, Cynthia Erivo e outras artistas que também entregaram grandes atuações este ano.
A performance de Byrne se destaca em um ano repleto de atuações marcantes. Sua versatilidade tonal e a crueza emocional a tornam inesquecível. Seria uma celebração justa de sua carreira, considerando sua presença constante e multifacetada no cinema e na TV.
Carreira e Potencial
Após iniciar sua carreira em projetos australianos e aparecer em blockbusters como Star Wars: Episode II – Attack of the Clones e Troy, suas atuações em 28 Days Later e na série Damages (FX) a colocaram sob os holofotes. Byrne se estabeleceu como uma atriz versátil em Hollywood, com talento para dramas independentes, blockbusters e comédias.
If I Had Legs I’d Kick You oferece a ela a oportunidade de exibir toda essa gama em uma personagem que se mantém realista e autêntica. O filme é frenético, mas nunca perde a conexão humana ou a verossimilhança. Lembra o trabalho fantástico de Adam Sandler em Uncut Gems, mas transposto para um ambiente suburbano aparentemente tranquilo.
Rose Byrne se consolidou como uma forte candidata a uma indicação ao Oscar com sua vitória em Berlim. O crescente favoritismo de outras atrizes não deve ofuscar as chances de Byrne. É provável que ela nunca tenha estado tão bem quanto em If I Had Legs I’d Kick You, e seria chocante e frustrante não ver seu trabalho reconhecido pela Academia.
Fonte: ScreenRant