No universo dos filmes de grande orçamento, onde a tecnologia e os efeitos visuais atingem patamares incríveis, é surpreendente pensar que desafios práticos ainda podem surgir. Contudo, Guy Williams, o Supervisor de Efeitos Visuais de Superman, revelou uma situação inusitada que exigiu uma solução extremamente criativa e. um item doméstico comum.
No episódio mais recente do podcast ComicBook Nation, Williams detalhou como um desodorante roll-on se tornou a chave para dar vida à vibrante e épica sequência de fuga de Superman do intrigante Universo de Bolso de Lex Luthor. A cena em questão é de tirar o fôlego: o Homem de Aço, debilitado pelo envenenamento por Kryptonita e enfrentando a implacável equipe de guardas Raptor de Lex, precisa escapar da dimensão distópica do vilão, tudo isso enquanto segura Joey, o filho bebê de Metamorfo. A tensão atinge seu clímax quando Superman é varrido por um rio anti-prótons em direção a um buraco negro dentro do Universo de Bolso.
Com a ajuda crucial de Sr. Terrific, Metamorfo, Krypto e seu próprio super-sopro, ele milagrosamente evita ser engolido pelo buraco negro, retornando ao portal a tempo e entregando Joey são e salvo ao seu pai. Essa sequência eletrizante apresentou um verdadeiro quebra-cabeça para Williams e sua equipe de efeitos visuais na Wētā FX, responsáveis pelos impressionantes visuais de Superman.
O grande desafio era replicar o fluxo do rio anti-prótons de forma convincente para as filmagens live-action com David Corenswet (o novo Clark Kent/Superman) e os atores que interpretavam os Raptors, antes que a cena fosse totalmente preenchida com efeitos visuais digitais. Williams explicou que tentaram uma piscina d’água coberta com uma lona, mas a resistência era excessiva. Em seguida, uma piscina de bolinhas padrão, mas o barulho e o esmagamento das bolinhas causaram mais problemas do que soluções.
Foi então que a equipe dos Bastidores de Superman descobriu a solução engenhosa: o problema não era a piscina de bolinhas em si, mas as bolinhas erradas. Para criar o movimento e a luz ideais que mimetizassem o rio anti-prótons, eles precisavam de bolinhas de cerca de uma polegada de circunferência. A revelação chocante.
Essas são exatamente as bolinhas usadas em desodorantes roll-on. Williams compartilhou que eles trabalharam diretamente com um fabricante, comprando nada menos que 700. 000 dessas pequenas esferas, com as quais preencheram uma piscina de bolinhas incrivelmente grande.
E funcionou perfeitamente. Williams, que já colaborou com o diretor James Gunn em filmes como Guardiões da Galáxia e O Esquadrão Suicida, confirmou que, uma vez encontrada a substituição ideal para os blocos do rio anti-prótons, a cena se tornou “divertida de filmar”. Ele descreveu a peculiar “hazard” ocupacional: “Entre cada take, todo mundo simplesmente se inclinava e jogava algumas bolinhas de volta para a piscina, porque, é claro, elas eram derrubadas da piscina o tempo todo.
” Essa solução prática permitiu que os atores performassem e interagissem com o ambiente de uma forma mais tangível, mesmo sabendo que não havia um análogo real para “blocos de metal gigantes que brilham”. O principal objetivo da equipe de Superman era sempre criar o “ambiente certo para os atores performarem”. Williams explicou que, embora a Weta FX tenha depois substituído completamente o corpo de David Corenswet com CGI em pós-produção para intensificar a luta do herói no rio, o esforço com as bolinhas de desodorante foi crucial.
“Trata-se de todo esse esforço para garantir que pareça coeso, que pareça integrado”, enfatizou Williams. A ideia é que o público não seja desafiado pelo que vê, mas sim possa desfrutar da experiência visual sem distrações, mergulhando de cabeça na aventura do Homem de Aço. Essa anedota dos Bastidores de Superman ressalta a genialidade e a dedicação por trás das produções de grande escala.
Mesmo com a tecnologia de ponta, a criatividade na resolução de problemas práticos ainda é fundamental para criar cenas que pareçam reais e envolventes. A saga da fuga do Universo de Bolso é um testemunho de como um item tão trivial como um desodorante pode ser a peça-chave na construção de um universo cinematográfico grandioso.