O novo Superman é bom?

Se você for comparar o Superman de James Gunn com os Homens de Aço que vieram antes, um bom lugar para começar é a cor. Logo no início, o traje azul e vermelho vibrante de Clark Kent (David Corenswet) se destaca contra um fundo de neve, uma promessa visual que vai além da simples diversão; é um manifesto de esperança e otimismo.

Em contraste direto com as paletas dessaturadas de versões recentes, que pintavam o herói em tons de cinza, a escolha de Gunn parece resgatar a estética primária dos quadrinhos. Na maioria dos filmes anteriores, Superman era uma figura solitária, um deus alienígena causando admiração e medo.

Esta nova versão, que serve como o verdadeiro e aguardado relançamento do Universo DC, rejeita firmemente o peso sombrio e o realismo exagerado. Em vez disso, Gunn nos apresenta um herói que, pela primeira vez, é apenas mais uma das muitas pessoas com dons que fazem o bem, uma mudança que o torna mais acessível sem diminuir sua importância.

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Mostrar o que torna o Superman especial sempre foi o grande desafio cinematográfico do personagem. Tivemos o charme e a pureza carismática de Christopher Reeve, uma atuação que definiu o herói para gerações, e a nobre homenagem de Brandon Routh. Mais recentemente, vimos o trabalho de Henry Cavill, que explorou um Homem de Aço atormentado pelo fardo de seus poderes, um ser distante e melancólico.

James Gunn escolhe um caminho diferente, quase como uma síntese do que veio antes. Seu Superman tem o visual clássico e imponente, mas David Corenswet lhe dá um jeito de “cara comum” do Kansas, infundindo no papel um calor humano palpável. Ele consegue ser o nerd meio tímido como Clark e, ao mesmo tempo, transpirar a confiança serena de Superman, criando um herói que conta piadas, reclama dos problemas do dia a dia e discute com a namorada, antes de voar para salvar o planeta.

Superman carrega uma missão pesada, talvez mais pesada que um planeta em queda: reacender o interesse por super-heróis em um cenário global de “fadiga do gênero”. Com o peso de ser a pedra fundamental de um universo inteiro, a pressão é imensa.

No entanto, Gunn parece entender que a preocupação com bilheteria e universos compartilhados é dos estúdios, não do contador de histórias. Por isso, ele se concentra em entregar um filme que celebra os valores essenciais do personagem, um trabalho que funciona por si só, sem sacrificar sua alma em nome da construção de uma franquia. A trama, aliás, começa de forma bastante terrena: Clark Kent está tendo um dia péssimo.

Apenas alguns anos após se revelar ao mundo, as coisas não estão fáceis. Sua namorada, a brilhante e intensa Lois Lane (Rachel Brosnahan), sente-se insegura sobre como navegar um relacionamento com o ser mais poderoso do universo. Ao mesmo tempo, o bilionário Lex Luthor (Nicholas Hoult), movido por uma inveja doentia, trava uma guerra de sombras contra ele, financiando inimigos cada vez mais perigosos. Para completar os problemas de Clark, Krypto, o Supercão, embora seja um garoto muito bom e leal, tem uma tendência a destruir a Fortaleza da Solidão e talvez precise de um treinamento mais rigoroso.

Uma preocupação inicial dos fãs era que o vasto elenco de apoio — com heróis como o intelectual e impaciente Sr. Incrível (Edi Gathegi), o Lanterna Verde mais bobão, Guy Gardner (Nathan Fillion), e a feroz Mulher-Gavião (Isabela Merced) — ofuscaria o protagonista. No entanto, o filme usa essa escolha de forma magistral. Ao cercar o Superman com seus pares, a narrativa define, por contraste, o que o torna único. A personalidade abrasiva de Guy Gardner realça a paciência infinita de Clark; a genialidade tecnológica do Sr. Incrível contrasta com a inteligência emocional do Superman. O filme encontra tempo para que cada um brilhe, mas nunca perde o foco.

É aqui que o conflito central se destaca, lidando de forma inteligente com o desafio de criar riscos para um ser quase invencível. A solução é um inimigo cuja maior arma não é a força, mas uma mente genial movida por um ego frágil. O Lex Luthor de Nicholas Hoult é espetacular, um poço de arrogância intelectual e raiva narcisista por ter sido ofuscado por um “alienígena altruísta”. Hoult se apropria do papel com uma energia selvagem, sem medo de expor a feiura de seu personagem. Ao lado dele, a Lois Lane de Rachel Brosnahan é um furacão. Longe de ser uma donzela em perigo, ela é uma personagem ativa e destemida, que usa seu próprio superpoder — um jornalismo implacável na busca pela verdade — para resolver os mistérios do filme.

O que torna a abordagem de Gunn verdadeiramente genial é como ela dialoga com o nosso tempo. O público moderno é cínico; desconfiamos da bondade pura. O filme sabe disso e incorpora esse ceticismo na trama.

Os próprios personagens, incluindo Lois e outros heróis, olham para o Superman com uma ponta de dúvida, questionando suas motivações e se perguntando se alguém pode ser tão bom assim sem um interesse oculto. Ao fazer isso, o filme nos convida a confrontar nossa própria desconfiança, usando a jornada dos personagens para nos lembrar que a bondade inerente é, sim, possível.

No fim, Gunn entrega um filme coeso, otimista e cheio de ideias novas, mas que acerta em cheio ao buscar o que o personagem tem de melhor: sua humanidade. Deixe os interesses capitalistas para os capitalistas. O resultado é uma experiência cinematográfica genuinamente alegre, com batalhas embaladas por músicas pop e as adoráveis palhaçadas de Krypto.

A mensagem é clara: esqueça a obrigação de preparar o terreno para sequências e apenas faça um filme que as pessoas gostem realmente de assistir.

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A maior força do Superman não é sua capacidade de levantar montanhas, mas a de inspirar o melhor em nós.
A maior força do Superman não é sua capacidade de levantar montanhas, mas a de inspirar o melhor em nós.
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