O termo “video game” era tão evitado no marketing do Nintendo Entertainment System (NES) que chamá-lo assim poderia ter sido fatal para o console, segundo Bruce Lowry, ex-VP de Vendas da Nintendo of America. Essa cautela extrema foi um dos fatores que levaram à escolha do nome “Nintendo Entertainment System”, posicionando o produto como uma forma de entretenimento, e não apenas um dispositivo de “video games”.

Do Famicom ao NES: Uma Estratégia de Marketing
Lowry relembrou em entrevista que o mercado de consoles domésticos na América do Norte estava em ruínas em 1985, dois anos após o crash da indústria de games. Empresas relutavam em lançar novos consoles, temendo a baixa aceitação dos consumidores.
Na época, a Nintendo considerou diferentes abordagens. Uma delas era licenciar seus jogos para máquinas existentes, como a ColecoVision. Outra possibilidade era a Atari lançar o Nintendo Advanced Video System (AVS) sob sua própria marca, mas a Atari desistiu devido à instabilidade do mercado.
A Nintendo optou por trazer o Famicom, seu console japonês, para os EUA, mas com uma mudança estética significativa. Enquanto o Famicom tinha um design de “brinquedo branco”, a versão internacional foi redesenhada para se assemelhar mais a um videocassete (VCR), uma tentativa de torná-lo mais aceitável para o público ocidental.
“O nome foi realmente crítico também, porque você não queria usar as palavras ‘video game’ perto disso. Essa era a pior coisa que poderíamos colocar nele na época; isso teria acabado com tudo. Lembro que todos estavam na sala de conferências, e eu disse a eles: ‘Não podemos seguir por esse caminho. Não podemos dizer nada sobre ser um console de videogame.'” – Bruce Lowry

“Entretenimento” Como Palavra-Chave
A equipe de Lowry percebeu que a chave para o sucesso seria associar o design do AVS com a palavra “entretenimento”. Essa abordagem permitia agregar diversos componentes e acessórios, como o robô R.O.B. e o controle Zapper, que se tornaram icônicos.
Ao focar em “entretenimento”, a Nintendo conseguiu contornar a percepção negativa associada aos “video games” e apresentar o NES como um produto de lazer mais sofisticado e amplo, garantindo seu lugar na história como um dos consoles mais influentes de todos os tempos.
Fonte: TheGamer