Meiko Kaji: A Lenda de Lady Snowblood e Ícone de Ação

Meiko Kaji, uma atriz reverenciada no panteão das estrelas de ação femininas, é mundialmente conhecida por seus papéis inesquecíveis em filmes como Lady Snowblood, Female Prisoner #701: Scorpion e Stray Cat Rock. Quentin Tarantino, um admirador confesso, incorporou temas e canções de Kaji em suas obras-primas Kill Bill Vol. 1 e 2, evidenciando a influência marcante de seu trabalho no cinema global.

A artista, que recentemente participou de um painel em Los Angeles, expressou sua confiança em sua habilidade única: “Eu não acho que nenhuma outra atriz seja tão boa quanto eu em interpretar assassinas”. Sua filmografia, marcada por visuais estilizados, ação implacável e atuações hipnotizantes, solidificou seu status como um ícone.

Kaji foi celebrada no Beyond Fest com a primeira retrospectiva presencial de sua carreira nos Estados Unidos. O evento apresentou exibições de Lady Snowblood: Love Song of Vengeance, Blind Woman’s Curse e Stray Cat Rock: Delinquent Girl Boss. As sessões foram enriquecidas por discussões com cineastas e críticos, além de performances ao vivo de seus temas mais famosos, como “The Flower of Carnage” e “Urami Bushi”.

Meiko Kaji: Ícone de Ação por Acaso

Em entrevista ao Screen Rant, Meiko Kaji compartilhou suas reflexões sobre sua carreira, a honra de ser celebrada por fãs americanos e o impacto de seu trabalho ao longo de 55 anos. Ela também discutiu sua trajetória na indústria cinematográfica japonesa e revelou o segredo de seu olhar penetrante.

Kaji expressou gratidão pelo reconhecimento em filmes de gênero, mas destacou seu desejo de explorar uma variedade maior de papéis. “No Japão, quando você faz sucesso em um gênero, você cria uma imagem e só recebe papéis semelhantes. Essa é a parte mais difícil”, disse a atriz. Ela considera a televisão como um palco onde pôde experimentar diferentes personagens, aprendendo a arte da atuação de forma mais abrangente.

A Humanidade por Trás dos Papéis de Meiko Kaji

Sobre a representação de mulheres fortes e violentadas em seus filmes, Kaji afirmou que nunca considerou seus papéis em termos de gênero. “Eu sempre encarei meu papel como um papel humano, olhando para a humanidade de cada personagem”, explicou.

Embora tenha sido canonizada como heroína de ação ao lado de Pam Grier, Kaji reflete que a busca por papéis feministas não foi uma decisão consciente em sua época. “Não foi uma escolha consciente para mim no contexto de como eu estava fazendo o filme naquela época e as escolhas que eu tinha. Não era realmente uma escolha que eu tinha, buscar papéis feministas naquela época”, comentou. Ela notou, no entanto, que sua imagem sempre foi de personagens fortes, inclusive em papéis de mãe. Recentemente, em “What Did You Eat Yesterday”, ela interpretou uma mãe de um filho gay, em uma série socialmente consciente, demonstrando sua versatilidade.

Kaji revelou que, em Lady Snowblood, não teve a oportunidade de interagir com as atrizes que interpretaram sua mãe ou sua versão jovem.

Meiko Kaji: Atuação, Canto e o Olhar Hipnotizante

Em Female Prisoner #701: Scorpion, apesar da natureza adversarial de sua personagem, Kaji explicou sua abordagem no set: “Não importa o filme, por algum motivo, quando estou em filmagem, eu não falo muito”. Sua concentração se volta para a atuação em si, sensível às nuances do parceiro de cena para garantir a autenticidade.

A atriz também compartilhou sua escolha de não trabalhar internacionalmente por não se sentir confortável fora de sua língua nativa. “A língua japonesa é muito importante para mim, e é algo que eu valorizo, atuar e cantar em japonês”, declarou. Ela acredita que o idioma japonês possui uma fluidez e uma capacidade de expressão únicas que não podem ser totalmente traduzidas.

Sua carreira musical, iniciada por imposição da produtora Nikkatsu, tornou-se uma parte integral de sua identidade artística. “Fui forçada a cantar”, admitiu, mas com o tempo, a música se tornou uma forma de expressão que a complementa como atriz.

Sobre o segredo de seu olhar penetrante, Kaji revelou uma epifania assistindo a uma entrevista. Ela percebeu que a verdadeira comunicação no cinema reside na expressão e na sensibilidade, não apenas no diálogo. “A câmera realmente reflete o coração, e essa foi a revelação para mim”, concluiu.

Fonte: ScreenRant