James Wan pode ter dirigido o filme de maior bilheteria da história da DC Comics, e não apenas do extinto DC Extended Universe (DCEU). Seu Aquaman de 2018 arrecadou impressionantes US$ 1,15 bilhão globalmente, superando qualquer outra adaptação da editora. Contudo, esse nível estrondoso de sucesso financeiro não garante a permanência do filme na vindoura continuidade do novo DC Universe (DCU), supervisionado por James Gunn e Peter Safran.
A grande questão é: o primeiro filme solo do Rei de Atlântida será parte do Aquaman no DCU. A dúvida foi abordada pelo próprio James Gunn no primeiro episódio de “Peacemaker: The Official Podcast with James Gunn”. Durante a série Peacemaker, especificamente no episódio de estreia da primeira temporada, há uma divertida conversa entre o Pacificador e o zelador Jamil sobre o Aquaman.
Gunn esclareceu que, de todas as partes daquela temporada, essa é a única que não será considerada canônica para o novo DCU. “Aquaman é canon. Não sabemos, mas não acho que Aquaman seja canon”, afirmou Gunn.
Ele complementou: “É improvável que Aquaman seja um herói famoso no DCU, já que a segunda temporada de Peacemaker está acontecendo. ” Vale ressaltar que, no momento desta redação, o vídeo do podcast no YouTube que continha essa declaração foi configurado como privado e está indisponível ao público. Enquanto O Esquadrão Suicida de Gunn e a primeira temporada de Peacemaker ainda faziam parte do DCEU, a vindoura segunda temporada de Peacemaker já se integrará ao DCU.
Diante dessa transição, Gunn tem se esforçado para sanar quaisquer dúvidas dos fãs sobre a nova linha do tempo. Ele já havia confirmado que filmes como Adão Negro e Shazam. Fúria dos Deuses, que inclusive contaram com personagens de Peacemaker como Emilia Harcourt e John Economos, não fazem parte do canon do DCU.
O podcast oficial de Peacemaker foi lançado justamente com uma retrospectiva completa da primeira temporada, oferecendo a Gunn uma plataforma para esclarecer essas importantes questões de continuidade. Embora meta-humanos estejam ativos no DCU há 300 anos antes dos eventos de Superman, os fãs terão que esperar um pouco para ver alguns membros proeminentes da Liga da Justiça no universo compartilhado. Ao delinear seus planos para o futuro do DCU, Gunn sugeriu que levará pelo menos alguns anos antes que o Flash e o Aquaman apareçam.
Ambos os personagens foram partes cruciais do DCEU e estrelaram filmes solo em 2023. Essa decisão estratégica visa estabelecer as bases para um universo coeso e sem as amarras do passado. O DCU representa uma oportunidade de “limpar a lousa” e recomeçar após a trajetória inconsistente do DCEU.
Com isso em mente, não é surpreendente saber que o Aquaman original não é considerado canon na nova continuidade. Se esse filme fosse mantido, teria levantado ainda mais perguntas — como, por exemplo, por que Arthur Curry de Jason Momoa foi integrado enquanto outros heróis do DCEU não foram. Gal Gadot não deve retornar para o primeiro filme da Mulher-Maravilha do DCU, um novo ator interpretará Batman em The Brave and the Bold, e David Corenswet já está estabelecido como Superman.
Em termos de panorama geral, é mais simples e lógico apertar o botão de reset e começar do zero. Além disso, Jason Momoa está agora escalado para interpretar o caçador de recompensas cósmico Lobo no filme da Supergirl do DCU, reforçando a separação. Apesar do primeiro Aquaman ter sido um sucesso estrondoso, a sequência, Aquaman e o Reino Perdido, teve um desempenho muito inferior, arrecadando apenas US$ 440,2 milhões contra um orçamento na faixa de US$ 200-215 milhões.
Esses retornos financeiros diminuídos (e uma recepção crítica pior) também podem ter contribuído para a decisão de não tornar Aquaman canon. Houve casos de séries de filmes preexistentes sendo incorporadas a novas continuidades; a franquia Deadpool, por exemplo, começou como uma entidade autônoma na 20th Century Fox e foi posteriormente trabalhada no Universo Cinematográfico Marvel com Deadpool & Wolverine após a aquisição da Fox pela Disney. A diferença fundamental aqui é que os filmes do Deadpool foram amplamente bem recebidos, então o público estava totalmente a bordo com aquela versão do personagem.
No caso de Aquaman, reiniciar após alguns anos é claramente o caminho mais sensato.