O cinema de terror dos anos 80 é uma fonte inesgotável de inspiração, e Hollywood sabe disso. Títulos como *A Bruma Assassina*, *A Noite do Terror*, *Sexta-Feira 13*, *Maniac*, *Dia dos Namorados Macabro*, *Poltergeist*, *A Incendiária* e *O Vingador Tóxico* já ganharam novas versões, e em breve teremos *Natal Sangrento, Noite Mortal*. No entanto, para cada clássico oitentista já revisitado, há uma infinidade de outros que clamam por uma segunda chance.
Este artigo mergulha em algumas dessas joias do terror dos anos 80 que, por incrível que pareça, nunca foram alvo de um remake ou uma sequência legítima. É verdade que nem todos os filmes originais eram obras-primas; alguns tinham conceitos brilhantes, mas execução falha. E é precisamente aí que reside o potencial de um remake: a oportunidade de corrigir falhas, aprimorar a narrativa e até mesmo modernizar temas que talvez não funcionassem tão bem hoje – pense no final controverso de *Sleepaway Camp*, que era eficaz em 1983, mas seria um desafio em 2024.
As produções que apresentaremos a seguir, contudo, possuem a essência e o enredo para se transformarem em grandes sucessos do terror contemporâneo. Começamos com *A Ilha*, de 1980, um exemplar perfeito de filme com um conceito espetacular, mas que tropeçou na execução. Dirigido por Michael Ritchie, mais conhecido por seu talento em comédias como *O Candidato* e *Fletch*, Ritchie não conseguiu transpor a intensidade do romance de Peter Benchley (o autor de *Tubarão*) para o gênero de ação-suspense-terror.
Estrelado por Michael Caine, que na época fez uma trinca de thrillers ambiciosos, *A Ilha* o coloca como Blair Maynard, um jornalista e veterano da Marinha americana que, junto com seu filho, é capturado por piratas no Triângulo das Bermudas. Há um vasto espaço para aprimoramento, transformando essa premissa tensa em um thriller de sobrevivência verdadeiramente aterrorizante. Você pode alugar *A Ilha* no Amazon Video.
Outro caso é *Um Lobisomem Americano em Londres*, uma das poucas obras nesta lista cuja qualidade original é tão elevada que, ironicamente, inibiu qualquer tentativa de remake. Embora não tenha recebido uma nova versão, o infame *Um Lobisomem Americano em Paris*, uma sequência solta lançada 16 anos depois, pode ter ‘congelado’ a ideia de revisitar o clássico. No entanto, um remake bem feito é possível se alguns elementos cruciais forem preservados: a icônica sequência de transformação deve ser mantida, idealmente com efeitos práticos; a abertura tensa nos charnecas de North York Moors é vital para estabelecer o tom de terror, evitando que o filme caia apenas na comédia; as sequências de pesadelo, hilárias e assustadoras, devem permanecer, permitindo a criatividade dos novos cineastas.
E, por fim, por ser uma história de amor tanto quanto de lobisomem, a química entre os protagonistas, como a de David Naughton e Jenny Agutter no original, é indispensável. *Um Lobisomem Americano em Londres* está disponível para streaming no Prime Video. Mudando para atmosferas mais sombrias, temos *O Casarão* (*The Funhouse*), o slasher de Tobe Hooper.
Com reviravoltas interessantes e um clima memorável que precisa ser mantido em um remake, o filme apresenta um desafio com o perfil do vilão, que é intelectualmente deficiente – um tema sensível que precisa ser abordado com cautela hoje. No entanto, o cenário de carnaval, subaproveitado no gênero, oferece um potencial visual e atmosférico imenso para um remake moderno. Da mesma forma, *Scanners*, de David Cronenberg, é outra obra-prima cujo original intimida os estúdios.
A chave para um remake bem-sucedido seria encontrar um diretor capaz de equilibrar o horror corporal com a ficção científica, mantendo a intensidade e a originalidade da visão de Cronenberg. Ambos *O Casarão* e *Scanners* estão disponíveis para streaming no Prime Video e HBO Max, respectivamente. Por último, mas não menos importante, *Christine*, uma das melhores adaptações de Stephen King dos anos 80.
O sucesso do filme reside na crença que temos nos personagens, graças à profundidade que o roteiro e as atuações entregam. Um remake de *Christine* poderia aprofundar ainda mais a possessão do carro e a relação simbiótica com seu dono, talvez explorando novas facetas da tecnologia e da dependência moderna. Em suma, o catálogo do terror dos anos 80 é um tesouro esperando para ser redescoberto.
Com a abordagem certa, esses filmes não apenas poderiam ganhar um novo fôlego, mas também superar seus originais, oferecendo novas perspectivas e emoções para uma geração ávida por sustos clássicos com um toque contemporâneo.