A morte de Gangsta Boo no início de 2023, aos 43 anos, abalou o mundo do hip-hop. Ela foi uma das vozes definitivas do rap sulista, abrindo caminho em uma indústria que demorou a dar espaço para mulheres. O laudo de autópsia revelou que sua morte foi uma overdose acidental envolvendo fentanil, cocaína e álcool, um triste lembrete das tragédias que o gênero musical frequentemente enfrenta.
O Som Que Ela Construiu Está em Toda Parte
O legado de Gangsta Boo tem crescido desde seu falecimento, especialmente com novas gerações descobrindo o rap de Memphis através de edições no TikTok e da ressurgência do phonk. Sua morte, no entanto, é um sinal de alerta para uma crise que a cultura ainda não confrontou totalmente.
Muito antes dos produtores de phonk samplearem fitas de Memphis para edições no TikTok, Gangsta Boo já definia o som que essas cenas agora veneram. Como membro fundamental do Three 6 Mafia, ela ajudou a moldar os sintetizadores sombrios, os refrões distorcidos e a ameaça lo-fi que ressurgiram em milhões de clipes virais. O DNA de sua entrega está profundamente embutido no underground da internet moderna, mesmo que muitos ouvintes não percebam sua influência.
Essa redescoberta colidiu com uma ressurgência mais ampla das estéticas do rap sulista dos anos 90 e início dos anos 2000. Jovens fãs estão mergulhando na história crua e polida de Memphis, sampleando seu humor, sua iconografia e sua ousadia. Gangsta Boo está no centro dessa linhagem, com um estilo perfeitamente alinhado ao apetite atual da internet por música que soa ao mesmo tempo divertida e confrontadora.
Colaborações em seus anos finais provaram que ela não havia terminado de moldar o futuro. Seu trabalho com Latto, GloRilla e Run the Jewels mostrou que ela ainda podia superar a maioria dos artistas em uma batalha de rap, apresentando-a a públicos totalmente novos.
Um Legado Que Impacta em Meio a uma Crise de Fentanil
Isso torna sua passagem ainda mais pesada hoje. A crise do fentanil tornou-se uma questão inegável na música, afetando artistas, fãs, festivais, vida noturna e comunidades em todo o país. A exposição acidental ao fentanil tirou vidas em todos os gêneros, de talentos emergentes a vozes estabelecidas.
O que aconteceu com Gangsta Boo não foi um momento isolado, e é hora de reconhecer a verdade. Faz parte de um padrão maior que só escalou desde então. E como sua influência está sendo redescoberta agora, sua história se encontra em uma interseção desconfortável: o som que ela ajudou a construir está prosperando, enquanto a crise que a levou se tornou mais generalizada.
A marca de Gangsta Boo no hip-hop é inegável. Ela ajudou a moldar o estilo de Memphis que as gerações mais jovens estão novamente impulsionando para o mainstream. Mas os perigos que ela enfrentou ainda estão presentes, e a epidemia de fentanil tornou sua história ainda mais urgente do que no dia em que aconteceu.
Ela ajudou a definir toda uma atitude no rap sulista — uma que continua a ecoar por todos os cantos do underground. E é por isso que seu legado importa mais agora do que nunca: porque a cultura finalmente está alcançando o mundo que ela construiu, mesmo enquanto continua a lidar com a crise que encerrou sua vida.
Fonte: ScreenRant