Frankenstein de Guillermo del Toro: Entenda as mudanças que aprimoraram a história

Guillermo del Toro reimagina Frankenstein com mudanças cruciais na trama e no desfecho, aprofundando a tragédia e a relação entre criador e criatura.

O diretor Guillermo del Toro lançou sua visão de Frankenstein 18 anos após o início do desenvolvimento do projeto. Com uma intenção clara de criar uma versão “trágica” da história, del Toro demonstrou profundo respeito pela obra original de Mary Shelley, mas também identificou elementos que, segundo ele, nunca foram totalmente explorados nas adaptações cinematográficas anteriores.

Mudanças na Vida Amorosa do Dr. Frankenstein

Uma das alterações mais significativas feitas por del Toro em Frankenstein é a introdução da personagem Lady Elizabeth. No romance de Shelley e nos filmes clássicos da Universal, Elizabeth é a noiva de Dr. Frankenstein, e em algumas versões, sua esposa. A trama original envolvia a vingança da Criatura, que buscava se livrar da solidão após o abandono de seu criador e a recusa em criar uma companheira para ele. No filme de 1931, a Criatura não mata Elizabeth, e a ideia de uma companheira só surge na sequência. Na adaptação de del Toro, Elizabeth (Mia Goth) é a noiva de William (Felix Kammerer), irmão de Victor. Victor nutria uma forte atração por ela, mas Elizabeth amava seu irmão e desprezava o caráter de Victor.

Em vez de ir atrás de Elizabeth para matá-la, a Criatura confronta Victor em seu casamento com William, exigindo que ele crie uma companheira. Diante da recusa de Victor, que tenta matá-lo, o Doutor acidentalmente atira e mata Elizabeth. Essa mudança ressalta a tragédia pessoal de Victor, que, assim como a Criatura, se via condenado à solidão. A perda da mãe na infância e o desprezo do pai já o marcavam, e presenciar a felicidade do irmão, para depois perder sua amada e, em seguida, seu irmão, o conecta ainda mais à solidão da Criatura.

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Um Novo Final para Frankenstein

Guillermo del Toro também redefiniu o desfecho de sua adaptação, distanciando-se do final apresentado tanto no livro de Mary Shelley quanto nos filmes da Universal. Na obra original, Victor narra sua história a uma tripulação presa no gelo, e a Criatura o encontra já em seus últimos momentos. Nas adaptações mais antigas, Victor sobrevive e a Criatura o poupa no final de “A Noiva de Frankenstein”.

Del Toro resgata o elemento do navio e o utiliza de forma inovadora. Em vez de Victor contar toda a história ao capitão, ele narra apenas a primeira parte, encerrando no momento em que tentou matar sua criação. A Criatura retorna ao navio enquanto Victor ainda está vivo e se oferece para contar o restante da história. É nesse ponto que o filme mostra a Criatura protegendo o velho homem e se aproximando de Victor no casamento de Elizabeth, onde o doutor a mata acidentalmente.

A Criatura, motivada pelo abandono e pelo assassinato de Elizabeth – a única humana, além do velho que o tratou com bondade, que demonstrou afeto por ele –, busca vingança. A cena da morte de uma menina inocente, presente em “A Noiva de Frankenstein”, foi omitida, pois a Criatura, nesta nova versão, só mata aqueles que o atacam. A cena final, com a Criatura encontrando Victor no navio, proporciona um desfecho que o livro não oferece. Victor, enfim, demonstra compaixão pela Criatura, pede perdão por tê-lo abandonado e morre em paz. Essa conclusão consolida a Criatura como a vítima e Victor como o vilão trágico, uma visão que, para del Toro, era a intenção original da história.

Jacob Elordi como a Criatura em Frankenstein
Jacob Elordi interpreta a Criatura na nova versão de Frankenstein.
Mia Goth como Elizabeth e Oscar Isaac como Victor Frankenstein
Mia Goth e Oscar Isaac em cena de Frankenstein.

Fonte: ComicBook.com

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