O roteirista Robert Shearman, conhecido por seu trabalho no episódio “Dalek” da primeira temporada de Doctor Who, expressou ceticismo quanto ao futuro da série, declarando em entrevista à Doctor Who Magazine: “A série provavelmente está tão morta quanto jamais a conhecemos.” Essas declarações ganharam repercussão entre os fãs, que ainda se lembram do cancelamento da série em 1989.




O Passado de “Morte” de Doctor Who
A série enfrentou dificuldades na década de 1980, com queda nos índices de audiência durante a era de Colin Baker. A BBC, na época, demonstrava pouco apreço pela ficção científica, e o então executivo Michael Grade chegou a afirmar em entrevista que “odiava Doctor Who“, criticando a qualidade do material apresentado como “lixo“.
Em 1989, Doctor Who foi oficialmente cancelada, encerrando abruptamente a jornada do Sétimo Doutor interpretado por Sylvester McCoy. Contudo, a série não desapareceu completamente, encontrando nova vida em uma série de romances publicados pela Virgin Books, os quais ganharam notoriedade por abordarem temas mais maduros e complexos, atraindo um público crescente.
O Fracasso do Filme e a Continuidade em Mídias Alternativas
Uma tentativa de retorno à televisão ocorreu em 1996 com um filme estrelado por Paul McGann, que, apesar de reviver o interesse pela franquia, não alcançou o sucesso esperado e não conseguiu cativar um novo público. No entanto, o espírito de Doctor Who persistiu. A BBC retomou a licença de publicação, e a Big Finish começou a produzir audio dramas em 1999. Essas produções mantiveram a chama acesa, preparando o terreno para o retorno triunfal da série à TV em 2005.
Essas mídias alternativas, como os romances e audio dramas, não apenas mantiveram a base de fãs engajada, mas também exploraram o desenvolvimento do personagem Doutor, apresentando histórias mais profundas e destinadas a um público mais adulto. Foi nesse contexto que a série ressurgiu, mais forte e relevante do que nunca.
O Dilema do Final da Última Temporada
A situação atual de Doctor Who, segundo Shearman, é mais delicada. Embora a série não tenha sido cancelada, a incerteza sobre a data de retorno para a próxima temporada e o chocante final da temporada anterior, que apresentou uma regeneração onde o Doutor aparentemente se tornou Billie Piper (Rose Tyler), criam um cenário complexo.
A ambiguidade em torno da identidade da nova encarnação do Doutor, com os créditos deliberadamente omitindo o nome de Piper como a nova Doutora, levanta questões sobre a continuidade da narrativa. Shearman aponta que essa incerteza dificulta a criação de novas histórias, como livros, pois o rumo da série se tornou imprevisível. “Ninguém vai começar a escrever livros de Doctor Who com um Doutor [interpretado por] Billie Piper, porque ninguém sabe o que isso significa“, observou o roteirista.
O autor conclui que, embora Doctor Who não esteja tecnicamente morta, o final da temporada a deixa em um estado de dormência, impedindo o avanço narrativo e limitando as histórias futuras a focarem apenas em Doutores passados. “O tempo dirá. Sempre diz“, afirmou o Doutor, ecoando a incerteza sobre o futuro da icônica série.
Fonte: ScreenRant