O filme Cactus Pears, dirigido por Rohan Kanawade, narra a jornada de Anand (Bhushaan Manoj), um jovem que retorna à sua cidade natal na Índia para lidar com o luto pela doença terminal de seu pai. A trama explora o delicado processo de autodescoberta e aceitação em meio às tradições conservadoras e religiosas.
Navegando o Luto e a Tradição
Anand, o único filho sobrevivente após a morte do irmão, assume a responsabilidade pelo tratamento médico do pai e pelos ritos funerários. Ele se vê forçado a permanecer na cidade por dez dias de luto, seguindo uma rigorosa lista de regras impostas pela comunidade e por sua mãe (Jayshri Jagtap). As restrições incluem não usar calçados, comer apenas duas refeições caseiras por dia, evitar certos alimentos e não aparar cabelo ou barba.
A pressão para se casar em breve, uma norma social que implica a necessidade de ter um herdeiro, é uma constante. A mãe de Anand sugere que ele diga que só se casará com uma moça bonita para evitar as perguntas incessantes, mas ele responde corajosamente: “Eu não darei falsa esperança a ninguém”. Embora sua mãe saiba da sexualidade de Anand, ela inicialmente o incentiva a manter o segredo.
Redescobrindo o Amor e a Vulnerabilidade
Bhushaan Manoj interpreta Anand com maestria, transmitindo a dor contida sob uma fachada de autocontrole. A narrativa ganha um novo fôlego quando Anand reencontra Balya (Suraaj Suman), um amigo de infância e fazendeiro local que também “se recusa a casar”. A proximidade entre eles permite que Anand expresse sua profunda tristeza pela perda do pai, e Balya o convida a compartilhar momentos de intimidade e respiro em meio à natureza.
Apesar dos cochichos da vizinhança sobre a natureza de sua relação, a relutância em nomear explicitamente a sexualidade de Anand e Balya paradoxalmente lhes confere a liberdade de explorar seus sentimentos. Conforme o período de luto se aproxima do fim e Balya considera se mudar para Mumbai com Anand, o medo da comunidade em confrontar a verdade abre caminho para que ambos vivam suas vidas autenticamente.
O Simbolismo do Cactus Pears
O título do filme faz referência a uma fruta rara, o cactus pear, cuja árvore está quase extinta na região. Balya surpreende Anand com um cacho dessas frutas, que, apesar de terem espinhos, foram cuidadosamente preparadas para ele. Ao cortar a casca delicada, revela-se um fruto vermelho e suculento, um símbolo elegante de amor-próprio e um presente profundo de um amante. A fruta representa a ideia de que aquilo que se acredita perdido ou perigoso pode, na verdade, ser o cerne do próprio coração, convidando à aceitação e à autenticidade.
Cactus Pears se destaca por sua abordagem terna e cuidadosa ao representar a jornada de autodescoberta de um homem gay em um contexto cultural desafiador. A direção de Rohan Kanawade e a cinematografia de Vikas Urs criam um espaço íntimo para que o protagonista encontre seu caminho entre honrar a si mesmo e à família.
Fonte: ScreenRant