É hora de desmistificar a maior mentira sobre a primeira temporada de Breaking Bad. A saga criminal de Vince Gilligan, que acompanha um professor de química de ensino médio que se torna um cozinheiro de metanfetamina após ser diagnosticado com câncer de pulmão, é uma das maiores séries de TV já feitas. Frequentemente, as recomendações vêm com uma ressalva.




Fãs de Breaking Bad costumam elogiar a atuação de Bryan Cranston, a forma como os roteiristas mesclam ação, drama e humor sombrio, e a história da queda de um homem como uma tragédia grega moderna. No entanto, também alertam que a série começa de forma lenta na primeira temporada, exigindo persistência do espectador.
É preciso admitir que, embora algumas séries precisem de tempo para encontrar seu ritmo — como Seinfeld, Parks and Recreation ou The Office (versão EUA) —, Breaking Bad não se encaixa nesse grupo. A série não começou devagar, contrariando a crença popular.
O Início Impactante de Breaking Bad
O episódio piloto já começa in media res, com Walter White batendo um trailer cheio de produtos químicos derramados e traficantes inconscientes no deserto. Ele sai do veículo, grava uma mensagem de despedida para sua família e se prepara para enfrentar uma caravana policial com uma pistola. Embora o ritmo diminua um pouco para contextualizar a audiência, a tensão permanece.
Mesmo acompanhando Walt em seus afazeres diários, como dar uma palestra sobre o poder da mudança ou ir às compras com o filho, o espectador é envolvido pela antecipação do que virá. A narrativa utiliza a técnica da bomba-relógio de Hitchcock, onde sabemos que algo impactante está prestes a acontecer.

Ação e Consequências na Primeira Temporada
No início da primeira temporada de Breaking Bad, Walt fisicamente ataca o valentão de seu filho em uma loja. Ao final dela, Walt e Jesse ficam horrorizados ao ver um traficante matar um homem sem motivo aparente. Ao longo dos sete episódios, Walt explode o carro de um corretor arrogante, descarta um corpo, destrói um quartel-general de traficantes e sufoca um homem até a morte. Se isso é considerado lento, a definição de velocidade precisa ser revista.

Apesar de não concordar com a afirmação de que a primeira temporada de Breaking Bad é lenta, compreende-se o motivo. A premissa da série exigiu que Gilligan introduzisse Walt gradualmente à vida do crime. Diferentemente de Tony Soprano, que já é um chefe da máfia no início de The Sopranos, Walt começa como um professor de ciências e funcionário de lava-rápido.
A série pode parecer lenta por precisar de alguns episódios para estabelecer sua premissa completa, mas o episódio piloto já adianta muito. Em apenas um episódio, Walt é diagnosticado com câncer de pulmão, acompanha seu cunhado agente da DEA, forma parceria com um ex-aluno para produzir metanfetamina e até mata um homem em legítima defesa.
Nos episódios seguintes, são necessários alguns capítulos para estabelecer a história de fachada que Walt conta à família, sua relação de trabalho com Jesse e um modelo de negócios para gerar dinheiro com o laboratório de metanfetamina móvel. No entanto, todo esse desenvolvimento inicial é fascinante e crucial para o impacto das reviravoltas futuras.

Breaking Bad é uma obra rara que evoluiu a cada temporada, em parte graças aos roteiristas que constantemente aumentavam os riscos e expandiam o universo. Quanto mais vilões surgiam, maior o perigo para Walt. Quanto mais dinheiro ele ganhava, maior se tornava o alvo em suas costas.
Mas o fato de cada temporada de Breaking Bad ter sido maior que a anterior não significa que ela começou pequena. A série começou grandiosa e só se expandiu. O show inegavelmente se tornou mais emocionante à medida que a vida secreta de Walt começava a invadir sua vida pessoal. Na primeira temporada, Walt precisa manter as aparências com a família, o que pode não ser tão empolgante de assistir.
Em temporadas subsequentes, Hank começou a investigar Heisenberg e Skyler descobriu os crimes de Walt, tornando-se até cúmplice. É muito mais intenso acompanhar um churrasco familiar onde o anfitrião possui um monte de evidências dos crimes de seus convidados do que um churrasco típico onde os presentes trocam amenidades sem subtexto.
Better Call Saul: Um Ritmo Mais Lento que Breaking Bad
Breaking Bad não foi um ritmo lento em sua primeira temporada, mas seu spin-off, Better Call Saul, sim. A série começa com Jimmy McGill — o homem que se tornaria Saul Goodman — tentando construir uma carreira jurídica legítima. Grande parte do tempo é dedicada ao seu caso contra a casa de repouso Sandpiper Crossing. A série só se tornou uma montanha-russa de tirar o fôlego no nível de Breaking Bad com a chegada de Lalo Salamanca.

A série original, estrelada por Bryan Cranston, demonstrou desde o início um ritmo envolvente, com reviravoltas e desenvolvimento de personagem que cativaram o público. A narrativa complexa e a exploração da moralidade de Walter White estabeleceram um padrão de excelência na televisão.
Fonte: ScreenRant