Coisas boas vêm para quem espera, e isso é especialmente verdade para os vilões de Star Trek. A Série Original estabeleceu as bases para quase todos os antagonistas icônicos da franquia. Os Klingons surgiram em “Errand of Mercy”, os Romulanos em “Balance of Terror”, Khan em “Space Seed”. Até Trelane em “The Squire of Gothos” forneceu o modelo para Q de Star Trek: The Next Generation, ainda que sem intenção.
Apenas um punhado dos vilões verdadeiramente icônicos de Star Trek não tem raízes na Série Original. Para uma dessas espécies antagônicas, isso é motivo de gratidão.
Os Borg Seriam Terríveis na Série Original de Star Trek
O maior salto criativo de Star Trek: The Original Series para Star Trek: The Next Generation não foi o capitão britânico careca ou um Klingon na ponte, mas a mudança palpável de tom. Em linha com outras séries americanas dos anos 60, Star Trek tinha uma vibe colorida e exagerada, como um “oh ho, o Vulcano está sendo lógico de novo“. Havia um aceno tácito para o público, mas Gene Roddenberry fez esses tropos contemporâneos funcionarem ao lado de sua visão de ficção científica espacial.
Nos anos 80, a TV começou a se levar mais a sério. Star Trek: The Next Generation seguiu o exemplo, com as cores agora mais suaves dos uniformes da Frota Estelar servindo como representação visual de onde a franquia estava indo.
Os vilões acompanharam essa mudança. A transformação dos Klingons entre Star Trek: The Original Series e Star Trek: The Next Generation foi drástica, com a espécie de Worf recebendo uma reformulação visual e cultural. Sua agressividade bestial e cultura guerreira tornaram-se características definidores, continuando uma evolução que começou alguns anos antes com Star Trek III: The Search for Spock. De criminosos sorrateiros e sem moral na Série Original a uma sociedade complexa baseada em honra e batalha, Star Trek pegou o DNA central dos Klingons e o atualizou para a nova era.
Essa transformação nunca teria sido possível para os Borg.
Fazendo sua estreia na segunda temporada de The Next Generation, o Coletivo Borg é facilmente a raça vilã mais famosa de Star Trek que não é da Série Original. E isso é bom, porque tudo o que torna os Borg excitantes teria sido impossível de alcançar durante o reinado do Capitão Kirk.
A imediata influência dos Borg sobre o público só foi possível porque os ciborgues eram genuinamente aterrorizantes. Avisos sinistros de Q e Guinan, a primeira aparição ameaçadora de um cubo Borg com música sinistra, o súbito aparecimento de um intruso com rosto cinzento e comportamento zumbi. Os Borg foram os primeiros bicho-papões de Star Trek, e essa aura de medo os estabeleceu como inimigos favoritos por quatro décadas.
À medida que Star Trek: The Next Generation se aprofundava na mitologia dos Borg, ficou claro que eles representavam um território inexplorado para qualquer episódio de Star Trek. A atmosfera opressora dos interiores do cubo Borg, a dedicação fria ao extermínio, o destino “pior que a morte” da assimilação – este não era o Star Trek dos seus pais.
Como Seriam os Borg no Star Trek dos Anos 60
Assim, enquanto os Klingons eram vilões que The Next Generation pôde moldar para o público dos anos 80, os Borg teriam sido completamente esquecíveis se concebidos na era de Kirk.
É intrigante imaginar como seria uma invasão Borg nos anos 60 em Star Trek. Para começar, a NBC provavelmente teria exigido que o design físico fosse suavizado. Cadáveres ambulantes cobertos de tubos pretos poderiam ter sido um pouco pesados para os primeiros anos de Star Trek, o que significaria que os Borg ou pareceriam mais humanos (perdendo a pele pálida, por exemplo), ou seriam mais abertamente robóticos. Certamente, o esquema de cores assustador em preto e branco teria sido abandonado.
A NBC também poderia ter rejeitado a ideia de uma espécie vagando pela galáxia assassinando/canibalizando sistematicamente humanos, transformando-os em sacos de carne devido ao seu senso de superioridade. Tudo o que restaria, portanto, seria uma raça de robôs querendo torná-los como eles. Certamente não é uma ideia ruim, mas não seriam os Borg, e não algo que perduraria na linha do tempo de Star Trek por gerações.
Outro fator crucial para o sucesso dos Borg em Star Trek: The Next Generation foi sua aura de indestrutibilidade. O primeiro encontro de Picard terminou com a Enterprise-D sendo salva da obliteração total apenas graças a Q. Não houve vitória. Esse tipo de planejamento a longo prazo – estabelecer um “grande mal” a ser derrotado mais tarde – era estranho para Star Trek: The Original Series, então uma versão dos Borg dos anos 60 teria sido derrotada ou convencida em um único episódio, esmagando qualquer perspectiva de uma reputação imponente.
Star Trek ainda poderia ter introduzido seus Borg atualizados em The Next Generation se uma versão suavizada tivesse enfrentado o Capitão Kirk nos anos 60, mas a chance de causar uma primeira impressão duradoura teria evaporado. Os Borg esperaram o momento certo.
Fonte: ScreenRant
