A escolha do ator para interpretar James Bond sempre gera debates acalorados, especialmente sobre a nacionalidade. Tradicionalmente, a maioria dos atores que assumiram o papel icônico são britânicos, e os favoritos para substituir Daniel Craig, como Aaron Taylor-Johnson e Henry Cavill, também são do Reino Unido. Mesmo George Lazenby, australiano, demorou quase meio século para ser amplamente reconhecido no papel.
Com a aquisição da franquia pela Amazon e a necessidade de um reinício após “No Time to Die”, uma quebra na tradição é uma possibilidade. Se um americano for escolhido para o papel em “Bond 26”, a afirmação de ser o “primeiro americano a interpretar Bond” seria tecnicamente incorreta. O primeiro ator a dar vida a 007 nas telas foi, de fato, um americano, provando que o papel nem sempre foi exclusividade britânica.
Barry Nelson: O primeiro James Bond em “Casino Royale”
Ian Fleming viu o potencial cinematográfico de sua criação, mas a transição para as telonas demorou. “Casino Royale” foi publicado em 1953, e o primeiro filme com Sean Connery, “Dr. No”, só estreou nove anos depois. Nesse ínterim, Fleming conseguiu uma adaptação para a televisão.
Um ano após o lançamento do livro, a CBS adquiriu os direitos para adaptar “Casino Royale” em um episódio da série antológica “Climax!”. A adaptação manteve a estrutura básica da história de Fleming. No entanto, James Bond foi retratado como um agente americano da CIA, e Felix Leiter, agora chamado Clarence, tornou-se britânico, invertendo os papéis originais.
Barry Nelson, nascido na Califórnia, interpretou este Bond americano. Sua performance é marcada por um certo charme e entrega de frases de efeito, mas o apelido “Jimmy” Bond soa estranho para os padrões atuais. Nelson demonstra uma animação que difere da sutileza esperada do personagem, mas sua atuação foi adequada para a época e para uma produção televisiva única.
O debate sobre o Bond americano
A participação de Barry Nelson como o primeiro James Bond na TV pode tanto ajudar quanto prejudicar o argumento de que um ator americano poderia suceder Daniel Craig. Por um lado, a ideia de um britânico interpretando 007 é vista por muitos como um dogma. O fato de já ter ocorrido há mais de 70 anos sugere que a possibilidade pode ser considerada em 2025.
Contudo, a performance de Nelson não serve como prova de que um americano pode interpretar Bond tão bem quanto os atores britânicos consagrados. Além disso, certas adaptações, como o apelido “Jimmy” Bond, não condizem com o personagem, reforçando a necessidade de uma “britanicidade”.
Embora a atuação de Nelson não resolva o debate, sua participação, muitas vezes esquecida, na história de James Bond merece ser mais celebrada como um capítulo fundamental da franquia.
Fonte: ScreenRant
