Filmes de terror são um deleite para muitos, capazes de nos prender na cadeira com suspense e sustos. No entanto, quando se adiciona uma reviravolta no enredo, as apostas aumentam exponencialmente. O problema surge quando essa carta na manga não é bem jogada, pois nem todos os roteiristas conseguem executar um *plot twist* de forma que realmente eleve a experiência.
Algumas histórias investem em finais chocantes apenas para atordoar a audiência, esquecendo-se da lógica narrativa básica e até mesmo do desenvolvimento psicológico dos personagens. O resultado. Uma trama sem pé nem cabeça, que deixa o espectador mais confuso do que impressionado.
A coerência narrativa é a chave para que uma reviravolta em filmes de terror realmente cause impacto positivo. Com isso em mente, e com a ajuda de análises de especialistas como os da ComicBook. com (cujos vídeos exploram a fundo esses casos), listamos 10 reviravoltas em filmes de terror que, infelizmente, ainda não fazem sentido e comprometem a qualidade geral da obra.
Prepare-se, pois *spoilers* estão à frente. 1. O Nevoeiro (The Mist)
Sabe aquele tipo de *plot twist* que surge do nada, puramente para chocar, mesmo que destoe completamente do contexto da história.
“O Nevoeiro”, adaptação da obra de Stephen King, aposta pesado nessa ideia. O filme termina com o protagonista, David (Thomas Jane), matando o próprio filho em um ato de desespero absoluto, apenas para ser resgatado minutos depois. A reviravolta beira o absurdo.
A motivação de David parece mal construída, sem um desenvolvimento psicológico que nos faça crer que ele chegaria a esse ponto. Seu objetivo não era proteger o filho o filme inteiro, para depois desistir tão abruptamente no final. Parece que o roteiro sacrificou a coerência apenas para entregar um soco no estômago.
Além disso, o *timing* do resgate militar é tão implausível que soa forçado. 2. A Órfã (Orphan)
Sim, a reviravolta em “A Órfã” é chocante, mas também se mostra problemática em vários níveis.
A ideia de Esther (Isabelle Fuhrman), uma mulher adulta com uma forma rara de nanismo que se passa por criança, soa mais como uma desculpa conveniente do que um artifício de enredo bem desenvolvido – especialmente porque o filme nunca explica como ninguém, de médicos a familiares e vizinhos, percebeu a verdade durante sua convivência com a família. Em algumas histórias, uma certa inconsistência pode ser perdoada se a experiência geral for forte o suficiente, mas neste caso, é grande demais para ignorar. Para completar, a violência extrema de Esther, seu comportamento manipulador e suas tendências psicopatas carecem de qualquer base psicológica.
A personagem se apoia inteiramente no fator choque, sem a profundidade necessária para ser crível, resultando em uma história que, no final, parece bastante absurda. 3. Alta Tensão (High Tension)
Talvez uma das reviravoltas mais surreais venha em “Alta Tensão”, quando é revelado que a protagonista, Marie (Cécile de France), é na verdade a assassina – desfazendo completamente a coerência da trama.
O acidente de caminhão, o fato de ela estar ferida e supostamente sendo perseguida, mas ainda assim conseguir realizar assassinatos brutais sozinha, tudo isso evidencia grandes furos no roteiro. Como o caminhão aparece e desaparece do nada. Não há explicação razoável para essas inconsistências, o que faz parecer que o filme se apoia na tropa do “narrador não confiável” apenas para encobrir suas falhas narrativas.
Para os espectadores que esperam uma história que faça sentido, é uma experiência frustrante, especialmente porque a primeira metade é genuinamente tensa e envolvente. No fim, a reviravolta parece menos uma revelação inteligente e mais uma tentativa de ser esperto sem realmente merecer o crédito. 4.
A Vila (The Village)
“A Vila” é um bom filme em alguns aspectos, mas sua reviravolta (embora um tanto previsível) é, em sua maioria, difícil de aceitar. A ideia de que a aldeia isolada é, na verdade, uma comunidade moderna escondida do mundo real, e que esse segredo foi passado por gerações, parece um tanto forçada ao começarmos a questionar. Ninguém teria tentado desafiar ou escapar dessa ilusão em algum momento.
Manter uma mentira tão gigantesca exigiria um controle social e psicológico intenso – algo que o filme nunca explora em profundidade. Além disso, o misterioso “monstro” na floresta acaba sendo apenas adultos fantasiados, o que anula totalmente o medo e o suspense que a história constrói. No final, a reviravolta parece mais um atalho para encerrar a trama do que uma recompensa que realmente justifica seu impacto.
5. Mãe. (Mother.
)
Um filme de horror psicológico conhecido pela atuação marcante de Jennifer Lawrence, “Mãe. ” aposta pesado no simbolismo e na metáfora, mas sua reviravolta final é tão enigmática que deixa a maioria dos espectadores completamente perdidos. O diretor e roteirista Darren Aronofsky chegou a admitir que o roteiro foi escrito rapidamente e projetado para ser intencionalmente caótico e perturbador.
Ainda assim, um bom roteiro, mesmo um que brinca com a ambiguidade, deve deixar espaço para interpretação sem confundir completamente sua audiência. Aqui, a história é uma alegoria densa e cheia de camadas, mas carece da clareza necessária para tornar seu significado acessível. Como resultado, muitos espectadores saem da sessão com mais dúvidas do que respostas, questionando a finalidade de tamanha complexidade.