Anniversary: Filme de 2025 se torna pesadelo político

Anniversary: Crítica ao surgimento de um regime fascista comete o erro de ser vaga em seus argumentos políticos e narrativos.

O filme Anniversary, dirigido por Jan Komasa, apresenta uma visão perturbadora sobre o surgimento de um país retrógrado e fascista, inspirado pela publicação de um livro controverso. A narrativa se assemelha a produções como The Handmaid’s Tale, mas peca pela falta de especificidade em suas críticas.

A obra sugere que o absolutismo político, em qualquer espectro, representa um perigo. No entanto, a abordagem vaga impede que o filme se destaque, mantendo-o em um nível mediano.

Trailer oficial de Anniversary.

Um Ponto de Vista Frustrantemente Vago

O livro central da trama, intitulado The Change, é escrito por Elizabeth Nettles (Phoebe Dynevor). A obra defende o que ela chama de “nascimento” de uma nova nação, uma tese que sua mentora, Ellen (Diane Lane), considera “disturbadoramente antidemocrática”. A situação se complica quando Liz começa a namorar o filho de Ellen, Josh (Dylan O’Brien).

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Josh apresenta Liz à sua família, incluindo sua mãe Ellen, cujo marido Paul (Kyle Chandler) prefere evitar discussões políticas. Eles também têm três filhas: Anna (Madeline Brewer), uma comediante de sucesso; Cynthia (Zoey Deutch), uma advogada ambiental; e Birdie (Mckenna Grace), uma estudante de ciências.

A Escalada Fascista e a Falta de Detalhes

Dois anos após a publicação de The Change, o livro já vendeu 10 milhões de cópias e inspirou a criação de uma nova bandeira para o país. O restante do filme acompanha a nação em sua descida ao fascismo, um desenvolvimento que parece apressado e pouco crível, dado que a trama se concentra em um pequeno grupo de personagens.

Um dos maiores problemas do filme é a falta de clareza sobre os argumentos do livro, que apenas alude à “dissolução” do sistema bipartidário. Embora a nova bandeira possa sugerir uma crítica ao radicalismo centrista, a intenção exata permanece obscura. Algumas passagens podem indicar supremacia branca, mas a presença de personagens negros na trama, como Rob (Daryl McCormack), o marido de Cynthia, e a diversidade aparente entre os seguidores do movimento, contradiz essa interpretação.

Críticas ao Estado e Retórica Vazia

O filme também parece descartar a ideia de nacionalismo religioso. A mensagem central gira em torno de uma submissão cega à ideia de “país acima do partido”, uma postura que, embora não seja ideal, soa mais como um clichê do que como uma incitação à ação. À medida que o país se torna mais autoritário, o acesso à internet é restringido e a vigilância em massa se torna uma preocupação, mas o filme falha em especificar quem são os alvos.

Apesar das falhas no roteiro, Komasa e a co-roteirista Lori Rosene-Gambino criam cenas de alta tensão e contam com um elenco talentoso. No entanto, os personagens são pouco desenvolvidos. Birdie, por exemplo, faz uma crítica à história colonial americana, mas depois sugere uma colaboração com a The Cumberland Company, grupo financeiro por trás do sucesso de The Change, cuja natureza nunca é explicada.

Um Filme Dente de Leite

Anniversary critica a lealdade cega ao Estado e adverte contra o uso de retórica vazia e o medo como ferramentas políticas. Embora essas críticas sejam válidas, um filme que se propõe a ser uma declaração política deveria, idealmente, definir com mais precisão as origens dessas ideologias perigosas. O drama familiar, ambientado em meio ao colapso de uma família rica, só é eficaz dentro de um contexto bem definido, e a falta deste torna Anniversary um filme sem força.

Pôster do filme Anniversary com o título em destaque.
O pôster oficial de Anniversary, indicando o gênero thriller e drama.

Fonte: ScreenRant

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