Al Pacino consolidou seu nome em Hollywood com papéis icônicos no gênero de gângster, sendo Michael Corleone em O Poderoso Chefão um dos mais aclamados. A jornada de Michael, de herói de guerra a figura central do poder na máfia, é contada ao longo de três filmes.



Scarface e O Poderoso Chefão: Semelhanças nos Finais Trágicos
Onze anos após O Poderoso Chefão, Pacino interpretou Tony Montana em Scarface, de Brian De Palma. Embora ambos os personagens construam impérios criminosos, suas personalidades são opostas: Michael é calculista e discreto, enquanto Tony é impulsivo e ostensivo. Essa dicotomia se reflete em seus finais, que, apesar das diferenças superficiais, compartilham uma essência semelhante.
Scarface termina em uma explosão de violência, com Tony Montana enfrentando dezenas de assassinos em sua mansão. O clímax é marcado por um banho de sangue, com direito a lança-granadas e gritos. Tony morre em meio a seus inimigos, em uma cena exagerada que reflete sua personalidade.
Em contraste, a morte de Michael Corleone em O Poderoso Chefão Parte III ocorre em um ambiente de solidão e silêncio, em um jardim na Sicília. Sem alarde, Michael parte deste mundo de forma pacífica, um fim melancólico e desprovido de confrontos.
No entanto, ao analisar os dois desfechos, percebe-se que o final de Scarface é, em essência, uma recriação do de O Poderoso Chefão Parte III. Ambos os personagens perdem seus entes queridos e acabam sozinhos, vítimas de suas próprias ambições. A diferença reside na forma como essa perda é expressa: um com violência explícita, o outro com um silêncio devastador.
O Gênero de Gângster: Um Fio Condutor Comum

O final de Scarface também ecoa o filme original de 1932, estrelado por Paul Muni como Tony Camonte. Assim como Tony Montana, Camonte morre em um confronto, após causar a morte de seus entes queridos.
Essa semelhança sugere que o gênero de gângster, desde suas origens, explora o conflito entre ambição e lealdade familiar. Personagens como Michael Corleone, Tony Montana e Tony Camonte demonstram um apego às suas famílias, mesmo que suas ações criminosas os afastem dessas conexões. Essa dualidade é o que torna os filmes de gângster tão cativantes.
Gangsters que possuem empatia e valores, como Lefty Ruggiero em Donnie Brasco ou o Vito Corleone original, interpretado por Marlon Brando, tendem a ter finais mais dignos. Eles priorizam os laços afetivos, mesmo em meio à criminalidade, o que parece ser recompensado com uma despedida menos solitária.

Em Donnie Brasco, Lefty Ruggiero, interpretado por Pacino, enfrenta seu destino com serenidade após se despedir de sua esposa e refletir sobre a traição. Sua lealdade e laços afetivos, mesmo em seus últimos momentos, lhe conferem uma dignidade distinta.
De forma similar, Vito Corleone, em O Poderoso Chefão, equilibra os negócios da máfia com o bem-estar de sua família. Sua morte, cercada de carinho familiar, contrasta com o fim solitário de seu filho Michael. O gênero de gângster, portanto, recompensa aqueles que, mesmo imersos no crime, conseguem manter vivos os valores familiares.

Fonte: ScreenRant