O filme After the Hunt quase teve um desfecho completamente diferente, e a ideia original seria mais eficaz para a conclusão da história. A trama do filme se apoia fortemente em um tom ambíguo, deixando o espectador — e a protagonista Alma — em dúvida sobre quem está dizendo a verdade em meio às acusações de sua aluna Maggie contra seu colega Hank.



Essa ambiguidade culmina em um final propositalmente anticlimático, onde ninguém enfrenta consequências por suas ações. No entanto, a conclusão original prometia manter essa incerteza enquanto proporcionava um arco completo e uma decisão moral para a personagem central.
O Final Original de After The Hunt, Explicado

A versão original do final de After the Hunt era mais sombria, porém mais satisfatória, e se encaixaria melhor com o tom do filme. No terceiro ato, Alma está no hospital após a perfuração de úlceras estomacais, enquanto é confrontada por Alex e outros estudantes sobre um artigo da Rolling Stone que condenava sua resposta às acusações de Maggie.
No hospital, Alma relata a Frederik como forjou uma acusação de agressão sexual contra um ex-namorado na adolescência. Embora Frederik argumente que ainda seria estupro de menor, Alma o chama de seu grande amor. O filme salta cinco anos no futuro, revelando que Alma escreveu um artigo sobre suas experiências, o que restaurou sua imagem pública.
Agora reitora em Yale, Alma reencontra Maggie e se despede em termos amigáveis. É um final agridoce e ambíguo, mostrando que o casamento de Alma e Frederik sobreviveu e Hank encontrou trabalho na política. Maggie, no entanto, duvida que Alma seja verdadeiramente feliz em sua própria vida, uma nota final de incerteza. O desfecho atual é propositalmente anticlimático, alinhado ao tom geral.
Porém, não foi assim que a história começou. Em entrevista ao IndieWire, a roteirista Nora Garrett revelou que o final original do filme mantinha o tom mais sombrio da confissão de Alma a Frederik. Na versão inicial, Alma e Frederik se separavam, com Alma deixando Yale para retornar à sua Suécia natal.
Após falhar em se reconectar com a mãe do homem que ela acusou de agressão sexual, Alma conversa com seus pais e é informada por sua própria mãe que “Ninguém supera nada”. Isso a leva a retornar aos Estados Unidos para testemunhar no caso judicial de Maggie contra Hank.
Este final teria sido inerentemente mais cinematográfico e daria ao filme uma posição clara sobre o conflito central. Embora pudesse ter diminuído um pouco o mistério, ainda permaneceria ambíguo o suficiente para que o público tirasse suas próprias conclusões sobre as acusações de Maggie e o comportamento de Hank.
Por Que o Final Original de After The Hunt Seria Melhor

After the Hunt propositalmente brinca com a moralidade, onde nenhum personagem parece totalmente sincero em sua apresentação. Isso funciona para a trama geral de um caso de “ele disse, ela disse” que escala rapidamente, aumentando a tensão de Alma dividida entre sua conexão com Hank e Maggie.
Essa ambiguidade faz com que o final atual pareça desconectado da narrativa. Com o arco completo da queda de Alma e seu retorno ao respeito público ocorrendo fora de tela, o salto de sua confissão para sua posição confortável em Yale parece pouco merecido. O mesmo vale para sua conversa final com Maggie, um comentário agradável, porém desconfortável, sobre o efeito de “seguir em frente” após o trauma.
É um final interessante, e um que Luca Guadagnino defendeu, segundo Garrett. Ele reflete a tendência das pessoas de escapar de responsabilidades totais por erros na vida real, com a admissão de Maggie de que suas esperanças de Alma receber a devida punição nunca se concretizaram. É uma das condenações mais ácidas do filme à sociedade moderna.
Também é insatisfatório como conclusão da história que o precedeu. Grande parte do filme está enraizada em Alma e na revelação gradual de seus próprios sentimentos complexos em relação a Maggie, Hank e toda a situação. A culpa sobre seu antigo amor abala os alicerces da personagem de uma forma que a torna retroativamente mais trágica.
Guadagnino argumenta que uma personagem como Alma nunca fugiria, mas faz sentido do ponto de vista narrativo. A personagem atinge seu ponto mais baixo após conversar com Frederik, deixando-a aberta à reflexão moral com sua mãe. Isso a leva a tomar uma decisão explícita, um ato raro em prol de outra pessoa e não de si mesma.
É uma conclusão mais emocional para a história, mantendo o foco no arco de Alma e na moral subjacente da história sobre trauma e estruturas de poder. Não nega os sentimentos de Alma sobre seu primeiro amor, mas a força a confrontá-los plenamente de uma forma que o final canônico de After the Hunt não faz.
Mesmo que o final não revele se Hank ou Maggie estavam mentindo, ele se baseia nas pistas apresentadas ao longo do filme sobre o caso e força Alma a realmente fazer uma escolha. O resultado é uma conclusão mais gratificante, mesmo que lhe falte o toque duro e mundano da realidade que Guadagnino claramente queria transmitir em seu final.
After the Hunt tem um roteiro sólido que parece tropeçar na narrativa para dar espaço à crítica social. O final original poderia ter dado a After the Hunt um desfecho claro para Alma e o arco emocional do filme, algo que o filme final carece.
Fonte: ScreenRant