Ao adquirir um ingresso para um filme de James Gunn, os espectadores já esperam uma combinação eletrizante: ação desenfreada, um humor ácido misturado com genuíno coração e, talvez o mais famoso, uma trilha sonora James Gunn cuidadosamente curada e inesquecível. Suas “needle drops” – o uso de músicas preexistentes – são quase tão icônicas quanto os próprios filmes em que aparecem, elevando canções de décadas passadas de volta às paradas de sucesso, como ocorreu recentemente com “Punkrocker” de Teddybears e Iggy Pop. Esta habilidade singular de Gunn em integrar a música à narrativa é um de seus maiores trunfos, transformando cada cena em uma experiência auditiva e visual.
Ninguém consegue executar uma inserção musical como James Gunn. Sua genialidade reside em usar a música não apenas como pano de fundo, mas como um elemento narrativo vital, capaz de subverter expectativas, aprofundar personagens e ditar o tom de uma cena inteira. Pensando nisso, compilamos as sete vezes em que ele demonstrou essa maestria na tela grande.
(Observação: Conteúdo em vídeo, frequentemente produzido por veículos especializados como ComicBook. com, enriqueceria a compreensão dessas escolhas musicais, mostrando a recepção e o impacto dessas cenas no público e na cultura pop, e seria incorporado aqui se os códigos embed reais estivessem disponíveis). O primeiro “Guardiões da Galáxia” (2014) revolucionou a forma como encaramos filmes de super-heróis, e a música teve um papel fundamental.
A explosão de “Come and Get Your Love” (Redbone) logo na abertura foi uma surpresa deliciosa e um uso hábil de subversão. Não só compreendemos instantaneamente que Peter Quill/Senhor das Estrelas não seria um protagonista convencional, como Gunn também sinalizou que este não seria o filme de super-heróis excessivamente sério que o gênero havia nos acostumado. A canção inaugurou o filme com humor e alta energia.
De forma similar, no clímax do mesmo filme, “O-o-h Child” (Five Stairsteps) trouxe um toque de humor e emoção à batalha final contra Ronan, o Acusador, subvertendo a seriedade típica de confrontos épicos da Marvel. Em “Superman”, o filme de super-heróis mais orquestral de Gunn, a escolha de fechar a obra com “Punkrocker” foi um golpe de mestre. A música serve como um elo narrativo sutil, mas perfeito, com uma cena anterior entre Superman e Lois, onde o herói afirma que confiar e ver a beleza nos outros é o verdadeiro “punk rock”.
Além de ter incendiado a internet e as paradas de streaming, “Punkrocker” tocando na Fortaleza da Solidão demonstra a conclusão da jornada emocional do herói, solidificando sua identidade. Já em “Guardiões da Galáxia Vol. 2”, a expectativa por uma trilha sonora James Gunn marcante era alta, e “Mr.
Blue Sky” (Electric Light Orchestra) entregou. A cena, com Baby Groot no centro de uma batalha intensa contrastada por uma melodia alegre, é um dos melhores exemplos de Gunn usando a trilha sonora para criar contraste tonal e introduzir a dinâmica familiar mais solidificada dos Guardiões. Embora Gunn ame musicalizar cenas de luta, o uso de “Hey” (The Pixies) em “O Esquadrão Suicida” mostra que ele não se limita a isso.
A canção não apenas tornou a caminhada da equipe na chuva cem vezes mais legal, mas Gunn a utilizou como um respiro, uma pausa para os personagens e o público se reequilibrarem e se prepararem para a luta brutal que se seguiria. Em “Guardiões da Galáxia Vol. 2”, “The Chain” (Fleetwood Mac) aparece duas vezes, primeiro quando Peter, Gamora e Drax vão com Ego, e novamente no clímax.
Gunn explorou brilhantemente a letra da música: a primeira vez, Peter “quebra a corrente” ao se separar dos Guardiões; na segunda, ao rejeitar Ego e seu plano destrutivo, ele “quebra a corrente” ao escolher sua família adotiva, maximizando o impacto da canção e a jornada emocional de Peter. James Gunn habilmente estabeleceu a mudança de tom e o foco narrativo de “Guardiões da Galáxia Vol. 3” com “Creep” (Radiohead) na abertura.
Seu som assombroso sublinha perfeitamente o flashback traumático do passado de Rocket, servindo como uma ponte para o presente, onde vemos um Rocket adulto cantando junto. Liricamente, “Creep” nos dá um vislumbre do estado de espírito do personagem – ele se sente um “esquisitão” devido ao seu passado – e prepara a jornada do filme com eficiência e emoção surpreendentes. A maestria de James Gunn em incorporar músicas em seus filmes não é apenas um adorno estilístico; é uma parte intrínseca de sua narrativa, elevando suas obras a um patamar onde som e imagem se fundem para criar experiências inesquecíveis e verdadeiramente punk rock.