Filmes de super-heróis, por muito tempo, seguiram uma fórmula previsível: vilão quer destruir o mundo, herói o impede. Embora essa abordagem tenha funcionado em clássicos dos anos 80 como “Superman” de Richard Donner e “Batman” de Tim Burton, o público moderno exige mais. A expectativa atual é por tramas complexas, grandes emoções e, acima de tudo, reviravoltas surpreendentes.
“Vingadores: Guerra Infinita” é um exemplo brilhante disso, elevando o patamar do que um filme de quadrinhos pode ser ao apresentar múltiplas equipes de heróis combatendo uma ameaça global, culminando no chocante estalar de dedos de Thanos, que eliminou metade da existência. Contudo, nem toda reviravolta Marvel atinge o nível de genialidade de “Guerra Infinita”. Existem inúmeros casos em que os filmes da Marvel tentaram subverter as expectativas do público, mas acabaram caindo de cara, resultando em execuções risivelmente ruins.
Essas tentativas de chocar o público muitas vezes resultaram em momentos que, ao invés de surpreender, geraram gargalhadas ou frustração, marcando a história do cinema de super-heróis por suas escolhas narrativas questionáveis. Um dos momentos mais divisivos veio em “Capitã Marvel”, revelando a história por trás do olho perdido de Nick Fury. Após anos de mistério e a sugestão de que foi um evento sério, descobrimos que Goose, o “gato” alienígena de Carol Danvers, foi o culpado.
É difícil levar Fury a sério após perder uma batalha para um felino. Da mesma forma, a jornada de Wanda Maximoff em “Doutor Estranho no Multiverso da Loucura” transformou a Feiticeira Escarlate em vilã, após os eventos de “WandaVision”. Embora a série explorasse o trauma de Wanda, a reviravolta para uma antagonista completa no filme, com suas intenções sendo mal disfarçadas, prejudicou a coerência de sua personagem a longo prazo, tornando-a uma reviravolta Marvel decepcionante para muitos fãs.
“Homem de Ferro 3” é outro exemplo notório. O filme constrói o Mandarim como um terrorista temível, apenas para revelar que ele é, na verdade, um ator chamado Trevor Slattery, contratado por Aldrich Killian. Embora Killian tente se proclamar o “verdadeiro” Mandarim, a revelação foi tão anticlimática que a tentativa de Killian de assumir o manto caiu por terra.
E por falar em vilões com motivações fracas, Mysterio em “Homem-Aranha: Longe de Casa” surge como um herói antes de se revelar um ex-funcionário descontente de Stark Industries. Sua vingança contra o legado de Tony Stark, embora o torne um vilão eficaz, tem um pano de fundo que é difícil de ser levado a sério, caracterizando mais uma reviravolta Marvel com base questionável. Indo para o universo X-Men da Fox, “X-Men: O Confronto Final” apresenta uma das mais controversas reviravoltas Marvel: Jean Grey, como Fênix, mata Ciclope logo no início do filme.
Embora o ator James Marsden quisesse deixar o papel, a morte repentina de um personagem central por mero “choque” foi amplamente criticada, desperdiçando potencial narrativo. O filme que se seguiu, “X-Men Origens: Wolverine”, também não ajudou. A representação de Wade Wilson, antes de se tornar o hilariamente desbocado Deadpool, como a Arma XI, com a boca costurada, foi uma das piores reviravoltas Marvel já vistas.
Ryan Reynolds, felizmente, conseguiu redimir o personagem em sua própria franquia. Finalmente, “Deadpool 2” nos brindou com a introdução da X-Force, um grupo de heróis que prometia rivalizar com os próprios X-Men. A reviravolta Marvel.
Quase todos os membros morrem em meros 30 segundos após pular de um avião em sua primeira missão, em uma cena que, embora intencionalmente cômica, gerou debate sobre o desperdício de personagens e potencial. Enquanto alguns podem argumentar que essas reviravoltas foram ousadas ou até mesmo engraçadas em sua execução desastrosa, elas servem como um lembrete de que nem todo “plot twist” é um sucesso. O sucesso de uma reviravolta Marvel reside não apenas em sua capacidade de chocar, mas em sua lógica interna e impacto duradouro na narrativa e nos personagens.