Fãs de quadrinhos têm sido presentados com uma vasta seleção de histórias de crime e detetives de alta qualidade nas últimas décadas. Nomes como Greg Rucka, Brian Michael Bendis e Ed Brubaker assinaram inúmeras narrativas, em colaboração com diversos artistas que infundem esses mundos com a sujeira e a atmosfera necessárias para ganharem vida nas telas. Outros criam universos austeros com uma arte distinta, oferecendo perspectivas únicas sobre os clássicos tropos noir.
O sucesso já emergiu das sombras várias vezes para esse tipo de história, com exemplos notáveis como *Estrada para Perdição* (*Road to Perdition*) e *Marcas da Violência* (*A History of Violence*). Ambos os filmes começaram como *graphic novels*, fazendo a transição com algumas adaptações. Apesar do êxito de diversas adaptações de quadrinhos para as telas, ainda há uma infinidade de quadrinhos de crime que anseiam por ser descobertos pelo grande público.
Alguns são clássicos incontestáveis do gênero, enquanto outros elevam os temas e clichês a novos patamares. Há até mesmo aqueles que mantêm um elemento de super-herói, como o Batman. Embora ele não faça parte desta lista, o personagem inspirou várias obras fundamentais no gênero.
Ed Brubaker e Sean Phillips, uma dupla prolífica que aparecerá várias vezes nesta lista, nos presenteiam com *Kill or Be Killed*. Esta série mergulha no vigilante, nas consequências reais e até mesmo no sobrenatural. Dylan, um estudante de pós-graduação de 28 anos, parece ser uma versão mais velha e amargurada de Holden Caulfield: cínico, frustrado sexualmente e furioso com o mundo.
Após uma tentativa de suicídio que ele estranhamente sobrevive, ele recebe a visita de um demônio que afirma tê-lo salvado, mas agora exige um preço: Dylan deve matar uma pessoa para cada mês adicional de vida que desejar. Brubaker e Phillips são veteranos experientes, entregando uma história de crime intrigante que, embora não reinvente a roda, combina habilmente o que fazem de melhor com um cenário moderno e um gancho perturbador. Embora uma adaptação cinematográfica estivesse em desenvolvimento em 2017, é seguro dizer que não deve mais acontecer quase uma década depois.
Com uma premissa inicialmente de arcos soltos e independentes, *100 Bullets*, de Brian Azzarello e Eduardo Risso, rapidamente se transforma em um clássico do crime. A série fisga o leitor com seu gancho inicial, que curiosamente compartilha terreno similar a *Kill or Be Killed*. As primeiras edições introduzem o Agente Graves e sua oferta a indivíduos que buscam corrigir uma grande injustiça: uma arma, cem balas e informações sobre seu alvo.
As balas são indetectáveis, e a polícia é instruída a não investigar crimes relacionados. Uma vez que a série te envolve, ela acelera, revelando a complexa conspiração por trás de Graves. Há um grupo secreto conhecido como “Os Minutemen”, que remonta à fundação do Novo Mundo e é responsável até mesmo pelo desaparecimento da colônia de Roanoke.
Eles atuam como executores para “The Trust”, os verdadeiros donos do mundo, e a oferta de Graves é apenas um de seus muitos experimentos. A história é uma mistura fascinante que encontra *Jason Bourne* com *Fausto* e a atmosfera de *Michael Mann*. Outra joia de Brubaker e Phillips é *Reckless*, uma série que já gerou várias *graphic novels* independentes, todas acompanhando o herói titular, Ethan Reckless.
Cada volume é uma fatia autônoma de pura diversão *pulp* ambientada nos anos 1980, onde um ex-agente do FBI, agora um pistoleiro de aluguel, se transforma em uma espécie de detetive particular. A série, com seus cinco livros, parece uma versão mais suja e visceral de *Magnum P. I.
* ou *Arquivo Confidencial* (*Rockford Files*). No campo do esotérico, temos *Black Monday Murders*, de Jonathan Hickman, em sua forma mais expansiva, detalhada e misteriosa. Para aqueles que sentiram que *True Detective* apresentava elementos sobrenaturais genuínos, *Black Monday Murders* oferece uma exploração desse tipo de narrativa levada a extremos selvagens.
Infelizmente, o livro está em hiato devido a problemas de saúde do artista Tomm Coker. No entanto, o que a dupla entregou é uma aula sobre escolas de magia, filtrada através de uma lição de história sobre a queda real do mercado de ações de 1987, tudo entregue por meio de uma história *noir* com personagens que se assemelham aos de *Succession*, mas que fizeram um pacto de sangue com um deus maligno por riqueza e controle. *Parker*, de Richard Stark, é um pilar do *crime-noir* que foi adaptado para o cinema inúmeras vezes.
Lee Marvin, Jim Brown, Robert Duvall, Jason Statham e até Mark Wahlberg já interpretaram o personagem. A interpretação de Porter por Mel Gibson em *O Troco* (*Payback*) também é outra versão dessas histórias, mas todas palidecem diante das adaptações de Darwyn Cooke para a IDW em 2009. O estilo de Cooke é um imperativo para qualquer série animada ou *live-action* que possa surgir desses livros.
Cooke teve a chance de trabalhar com o autor Donald Westlake, o homem por trás do pseudônimo Richard Stark, até seu falecimento em 2008, o que garante a autenticidade e a qualidade da expansão de suas histórias. Fechando nossa lista, temos *MONSTER*, o clássico mangá de Naoki Urasawa, que segue o Dr. Kenzo Tenma, um neurocirurgião que arrisca sua carreira ao optar por tratar um jovem paciente baleado na cabeça em vez do prefeito.
Após a morte do prefeito, sua vida parece desandar, e seu cuidado com o garoto o leva a uma trama complexa de intriga, ética médica e uma caçada por um serial killer com ligações profundas ao seu passado.